Page 394 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 394
– Muito bem, Pedro! – gritou Edmundo, quando Miraz foi obrigado a
recuar quase dois passos. – Agora! Vamos!
Pedro atacou e, por uma fração de segundo, chegou a parecer que o
combate estava ganho. Mas
Miraz recompôs-se e começou a tirar partido de sua altura e de seu
peso.
– Miraz! Miraz! Viva o rei! – gritavam os telmarinos. Caspian e
Edmundo ficaram brancos feito papel.
– Pedro está sofrendo golpes terríveis – disse Edmundo.
– E agora? O que aconteceu? – perguntou Caspian.
– Afastaram-se; acho que estão cansados. Mas estão recomeçando e
agora com mais técnica. Cada um está experimentando a defesa do outro.
– Este Miraz parece ser bom com a espada – murmurou o doutor.
Mal tinha pronunciado essas palavras, um barulho ensurdecedor de
relinchos e palmas e bater de cascos elevou-se entre os antigos narnianos.
– O que está havendo? – perguntou o doutor. – Meus olhos cansados
já não ajudam.
– O Grande Rei atingiu Miraz debaixo do braço – exclamou Caspian,
ainda aplaudindo. – A ponta da espada entrou pela cava da cota de malha.
É o primeiro sangue derramado.
– É... mas as coisas não vão bem – comentou Edmundo. – Pedro não
está segurando o escudo como devia... Deve estar ferido no braço esquerdo.
Era verdade. Todos notaram que o escudo lhe pendia do braço, e os
gritos dos telmarinos redobravam.
– Você, que está mais habituado a combater, acha que temos
esperança? – perguntou Caspian.
– Muito pouca – respondeu Edmundo. – Com sorte, talvez Pedro
ainda consiga vencer.
– Oh! Por que fomos permitir este combate? – lamentou-se Caspian.
De repente os gritos esmoreceram. Edmundo ficou perplexo por um
instante e disse:
– Estou entendendo. Resolveram descansar um pouco. Vamos,
doutor. Talvez possamos ajudar o Grande Rei.
Correram para a arena e Pedro saiu ao encontro deles, encharcado de
suor, muito vermelho, respirando com esforço.
– Está com o braço ferido? – perguntou Edmundo.