Page 391 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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por isso!

                         No Monte de Aslam, houve grande agitação quando a notícia chegou
                  e foi transmitida às várias criaturas. Edmundo e um dos capitães de Miraz
                  já tinham escolhido o local para o combate, que foi cercado com cordas e
                  estacas. Em dois dos cantos e no meio de um dos lados deviam ficar três
                  teimarmos,  como  árbitros  da  peleja.  Três  outros  seriam  escolhidos  pelo
                  Grande Rei. Pedro estava justamente explicando para Caspian que ele não
                  podia ser um dos árbitros, visto que estava em jogo o seu direito ao trono,
                  quando uma voz grossa e sonolenta disse:

                         –  Por  favor,  Majestade!  –  Pedro  voltou-se  e  viu  o  mais  velho  dos
                  Ursos Barrigudos. – Por favor, Majestade – repetiu. – Eu... eu sou um urso!

                         – Sem dúvida nenhuma, e um bom urso – disse Pedro.
                         – Bem, é um velho direito nosso que um dos árbitros da peleja seja
                  um urso.

                         – Não deve permitir – segredou Trumpkin a Pedro. – É um bom urso,
                  mas iria envergonhar a nós todos. Está sempre dormindo ou chupando os
                  dedos. Será uma vergonha em frente do inimigo.

                         – Não posso opor-me – disse Pedro. – Ele tem razão. Ê um privilégio
                  dos ursos. Não compreendo como é que, numa época em que tantas coisas
                  foram esquecidas, esse privilégio foi mantido.

                         – Por favor – insistiu o urso.

                         – Você será um dos árbitros – declarou Pedro. – Mas prometa-me
                  uma coisa: não vai chupar os dedos.
                         – Prometo, é claro – disse o urso, meio envergonhado.

                         – Mas se já começou a chupar desde agora! – gritou Trumpkin.

                         O urso tirou a mão da boca e fez de conta que não tinha ouvido.
                         – Real Senhor! – ouviu-se uma vozinha esganiçada, vinda do chão.

                         – Ah... Ripchip! – disse Pedro, depois de ter olhado para todos os
                  lados, para cima, para baixo e em torno, como sempre acontecia quando o
                  rato se dirigia a alguém.

                         –  Real  Senhor!  A  minha  vida  está  inteiramente  a  seu  dispor,  mas
                  tenho de defender a minha honra. O único trompeteiro do seu exército é um
                  dos  meus.  Julguei  por  isso  que  nos  enviariam  para  acompanhar  os
                  emissários que levaram a Miraz o seu desafio. O meu povo está magoado,
                  senhor. Se fosse o seu desejo designar-me árbitro, talvez isso satisfizesse o
                  meu povo.

                         Nesse  momento  o  gigante  Verruma  desatou  a  rir,  com  aquelas
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