Page 388 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Se querem algum capaz de fuzilar só com os olhos, mandem
Ripchip – propôs Trumpkin.
– É mesmo, ele não é de brincadeira – disse Pedro com uma
gargalhada. – É pena ser tão pequenininho.
– Então mandem Ciclone – sugeriu Caça-trufas.
– Nunca ninguém riu de um centauro.
Uma hora mais tarde, dois grandes senhores do exército de Miraz,
lorde Glozelle e lorde Sopespian, que passeavam ao longo das tropas
alinhadas palitando os dentes depois do almoço, levantaram os olhos e
viram que da floresta saíam o centauro e o gigante Verruma, a quem já
tinham visto em combate, e, no meio deles, um vulto que não conseguiam
identificar. Nem mesmo os colegas de Edmundo o teriam reconhecido, se o
vissem. Porque Aslam soprara sobre ele, e uma grandeza qualquer o
envolvia.
– Que será isto? Um ataque?
– Trazem ramos verdes. Querem parlamentar – disse o outro. –
Devem estar dispostos a render-se.
– Aquele que vem entre o centauro e o gigante não tem ar de quem
vai se render – objetou Glozelle. – Quem será ele? Não é o jovem Caspian.
– Não, não é. Mas é um guerreiro temível, seja lá quem for. Aqui pra
nós, tem um ar bem mais majestoso do que Miraz. E que magnífica cota de
malha! Nunca nas nossas forjas se fez uma coisa parecida!
– Aposto o meu cavalo como vem para desafiar – disse Glozelle.
– Bem, temos o inimigo na mão. Miraz não seria maluco de arriscar
nossa superioridade para aventurar-se em duelo.
– Podemos dar um jeito de levá-lo a isso – sugeriu Glozelle, em voz
baixa.
– Cuidado! – disse Sopespian. – Mais para cá, uma sentinela pode
ouvir-nos. Aqui não há perigo. Entendi bem o que você disse?
– Se o rei aceitasse o desafio, um ou outro morreria...
– Certo – concordou Sopespian.
– Se ele vencesse, a luta estaria ganha.
– Claro. E do contrário?
– Do contrário, as probabilidades de que vençamos a guerra seriam
as mesmas, com o rei ou sem ele. Toda a gente sabe que Miraz não é um
grande guerreiro. Nós alcançaríamos a vitória, com a vantagem de ficarmos
sem rei.