Page 386 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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O GRANDE REI ASSUME O COMANDO
Quando todos acabaram de comer, Pedro disse:
– Aslam e as meninas (refiro-me às rainhas Susana e Lúcia) estão
perto. Não sabemos quando Aslam intervirá; será quando ele achar melhor.
Entretanto, sem dúvida, o seu desejo é que façamos antes o que pudermos.
Dizia você, Caspian, que não podemos enfrentar Miraz em batalha
campal...
– Receio que não, Grande Rei – disse Caspian, que sentia grande
simpatia por Pedro, mas se encontrava um pouco atrapalhado. Era muito
mais estranho para ele encontrar-se com os grandes reis das velhas lendas
do que era para estes o encontrar.
– Pois bem – disse Pedro – , sendo assim, desafiarei Miraz para se
bater comigo em duelo.
Ninguém tinha pensado nessa hipótese.
– Mas não poderia ser eu? – perguntou Caspian. – Sempre desejei
vingar a morte de meu pai.
– Você está ferido – respondeu Pedro. – E, seja como for, é bem
possível que não levasse a sério um desafio seu. Sabemos que você é um
guerreiro, mas para ele é um garoto.
– Mas aceitará um desafio, mesmo seu? – perguntou o texugo, que
não tirava os olhos de Pedro.
– Miraz sabe perfeitamente que o exército dele é mais forte do que o
nosso.
– Provavelmente não, mas não custa nada tentar. E, ainda que recuse,
levaremos grande parte do dia enviando emissários de parte a parte. Nesse
meio-tempo, pode ser que Aslam faça alguma coisa e, pelo menos, também
terei tempo de passar em revista o exército e fortalecer nossa posição. Vou
escrever imediatamente o desafio. Tem aí papel e tinta, doutor?
– Um estudioso tem sempre à mão papel e tinta, Real Senhor.
– Então, eu dito – disse Pedro. E enquanto o doutor desenrolava o
pergaminho, abria o tinteiro de chifre e afiava a pena Pedro recostou-se e,
de olhos semicerrados, tentou relembrar os termos em que, havia muito
tempo, na Idade de Ouro de Nárnia, costumava redigir tais mensagens.