Page 381 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 381
Durante alguns minutos, Trumpkin e os meninos ouviram Caspian
falar em voz baixa com os seus dois amigos, sem perceberem o que diziam.
Por fim Caspian disse em voz alta:
– Pois bem, Nikabrik, ouviremos o seu plano. A pausa que se seguiu
foi tão prolongada que os
rapazes chegaram a duvidar que Nikabrik iria mesmo falar. Por fim
começou num tom muito baixo, como se ele mesmo não estivesse gostando
do que dizia.
– Para ir direto ao assunto – murmurou – , nenhum de nós sabe a
verdade sobre a antiga Nárnia. Trumpkin nunca acreditou em nenhuma
dessas histórias. Quanto a mim, acho que, antes de acreditar, deveríamos
colocá-las à prova. Já experimentamos a trompa e ela falhou. Se algum dia
existiu um Grande Rei Pedro e uma rainha Susana, um rei Edmundo e uma
rainha Lúcia, então eles não nos ouviram ou não têm o poder de aparecer...
ou são nossos inimigos.
– Ou estão a caminho – acrescentou Caça-trufas.
– Você pode insistir nisso até que Miraz faça de nós ração para seus
cães. Mas, como ia dizendo, experimentamos um dos pontos das velhas
lendas e não adiantou nada. Pois bem! As lendas falam de outros poderes,
além desses reis e rainhas do passado. Não seria bom invocá-los?
– Se está falando de Aslam, tanto faz invocá-lo ou invocar os reis –
disse Caça-trufas. – Pois os reis são súditos dele. Se não manda os seus
súditos (e eu não tenho dúvidas de que o fará), acha provável que ele
próprio venha?
– Claro que não. Neste ponto estamos de acordo – replicou Nikabrik.
– Os reis e Aslam são aliados. Portanto, ou Aslam morreu ou está contra
nós. Ou então... algum poder maior do que ele não deixa que ele venha. E
ainda que ele viesse... quem nos garante que ficará do nosso lado? A julgar
pelo que tenho ouvido, nem sempre foi muito bom para os anões. Nem
mesmo para todos os animais. Perguntem aos lobos. Seja como for, só
esteve uma vez em Nárnia, pelo que me consta, e não se demorou muito
aqui. O melhor, portanto, é a gente não contar com Aslam. Não era dele
que eu falava.
Ninguém replicou, e por um momento o silêncio foi tão completo
que Edmundo pôde ouvir distintamente a respiração ruidosa do texugo.
– Então, do que está falando? – perguntou Caspian.
– Falo de um poder muito maior do que o de Aslam e que, se a lenda
diz a verdade, dominou Nárnia durante anos e anos.
– A Feiticeira Branca?! – exclamaram três vozes ao mesmo tempo.