Page 384 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Você está bem, Ed?

                         – Acho que sim – respondeu ele, ofegante. – Peguei o bruto desse
                  Nikabrik, mas ele continua vivo.

                         – Com trinta diabos! – exclamou uma voz zangada. – Você está é em
                  cima de mim! Parece um leão!

                         – Desculpe, N.C.A. – disse Edmundo. – Está melhor agora?
                         – Não! – rugiu Trumpkin. – Você está com os pés na minha cabeça.
                  Quer tirá-los?

                         – Onde está o rei Caspian? – perguntou Pedro.

                         – Estou aqui – respondeu uma voz sumida. — Se é que ainda sou eu!

                         Alguém  riscou  um  fósforo.  Foi  Edmundo.  A  pequena  chama
                  iluminou-lhe o rosto pálido e sujo. Às apalpadelas ele conseguiu encontrar
                  uma vela (o azeite da lamparina tinha acabado) e colocá-la acesa em cima
                  da mesa. Várias pessoas se levantaram com esforço, e seis rostos se fitaram
                  na luz indecisa.
                         –  Parece  que  acabamos  com  os  nossos  inimigos  –  disse  Pedro.  A

                  megera está ali, morta – e rapidamente desviou os olhos dela. – Nikabrik
                  está morto também. Acho que isto aqui é um lobisomem. Há tempos que
                  não via um bicho desses! Tem corpo de homem e cabeça de lobo, o que
                  significa que o matamos no momento em que passava de homem para lobo.
                  Você, acho, é o rei Caspian...
                         – Sim, mas não faço a menor idéia de quem seja você.

                         – E o Grande Rei Pedro! – declarou Trumpkin.

                         – Bem-vindo, Real Senhor! – disse Caspian.
                         –  Bem-vindo  igualmente,  Majestade.  Não  vim  para  tomar  o  seu
                  lugar, mas para que ele lhe seja restituído.

                         – Majestade – ouviu-se uma voz à altura do ombro de Pedro. Este
                  voltou-se  e  deu  de  cara  com  o  texugo.  Pedro  inclinou-se,  envolvendo-o
                  com os braços, e beijou-lhe a cabeça peluda: não por sentimentalismo, mas
                  por ser o Grande Rei.

                         – Valente texugo! Em nenhum momento duvidou de nós!

                         – Isso é de família, Real Senhor! – disse Caça-trufas. – Sou bicho, e
                  os bichos não mudam assim de uma hora para outra. Além do mais, sou
                  texugo, e os texugos são fiéis.

                         – Tenho pena de Nikabrik – falou Caspian – , ainda que me tenha
                  odiado desde o momento em que nos conhecemos. De tanto sofrer e odiar
                  ficou  azedo  por  dentro.  Se  tivéssemos  conseguido  uma  vitória  fácil,  é
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