Page 387 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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–  Bem!  –  exclamou,  enfim.  –  Está  pronto,  doutor?  O  doutor
                  Cornelius molhou a pena e esperou.

                         Pedro ditou o seguinte:

                         “Pedro,  por  graça  de  Aslam,  por  eleição,  por  direito  e  por
                         conquista,  Grande  Rei,  poderoso  sobre  todos  os  reis  de  Nárnia,
                         Imperador das Ilhas Solitárias e Senhor de Cair Paravel, Cavaleiro
                         da  Mui  Nobre  Ordem  do  Leão,  a  Miraz,  Filho  de  Caspian  VIII,
                         outrora Príncipe Regente de Nárnia e que arroga o título de Rei de
                         Nárnia, saudações.”

                         – Pronto?
                         – ... vírgula, saudações – repetiu o doutor. Pronto, meu senhor.

                         – Então, parágrafo – disse Pedro.

                         Para  evitar  derramamento  de  sangue,  bem  como  os  demais
                         inconvenientes, que é natural decorrerem das guerras que se travam
                         em nosso reino de Nárnia, apraz-nos arriscar a nossa real pessoa
                         em prol do mui fiel e bem-amado Caspian, propondo-lhe provar em
                         combate real com Vossa Excelência que o já mencionado Caspian é,
                         por  dom  nosso  e  segundo  a  lei  dos  telmarinos,  legítimo  Rei  de
                         Nárnia e que Vossa Excelência é réu de dupla traição quer por ter
                         subtraído o domínio de Nárnia ao dito Caspian, quer por ter levado
                         a  cabo  o  abominável  –  não  se  esqueça  do  acento,  doutor  –  ,
                         sanguinário  e  desumano  assassínio  de  seu  mui  amável  senhor  e
                         irmão,  o  Rei  Caspian  IX.  Pelo  que,  de  bom  grado,  provocamos  e
                         desafiamos  Vossa  Excelência  para  o  dito  combate,  enviando  estas
                         cartas pelo nosso mui estimado e real irmão Edmundo, outrora Rei
                         de  Nárnia,  sob  a nossa  jurisdição,  Duque  do  Ermo  do  Lampião e
                         Conde do Marco Ocidental, Cavaleiro da Nobre Ordem da Mesa, a
                         quem foram conferidos plenos poderes para determinar, de acordo
                         com  Vossa  Excelência,  as  condições  do  combate.  Lavrado  na
                         morada nossa do Monte de Aslam, no décimo segundo dia do mês
                         dos Prados Floridos, no primeiro ano do reinado de Caspian X de
                         Nárnia.

                         – Creio que assim está bom – disse Pedro, respirando fundo. – Agora
                  temos de escolher duas pessoas para acompanhar o rei Edmundo. O gigante
                  pode ser uma delas.

                         – Bem... quer dizer... ele não é lá muito esperto – objetou Caspian.
                         – Sei disso – falou Pedro. – Mas qualquer gigante impressiona, desde
                  que não abra a boca. E sempre o animará um pouquinho. Mas quem há de
                  ser o outro?
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