Page 396 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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como se fosse uma escada. Viva o Grande Rei! Viva a antiga Nárnia!

                         – Atenção! – disse Caça-trufas. – Miraz está furioso. A coisa vai indo
                  muito bem.

                         Miraz e Pedro atiravam-se um ao outro como tigres irados. Os golpes
                  se cruzavam tão rápidos que parecia impossível que algum deles viesse a
                  escapar.  A  medida  que  a  excitação  crescia,  os  gritos  diminuíam.  Os
                  espectadores seguravam a respiração. A luta era terrível e magnífica.

                         De súbito, levantou-se um clamor entre os antigos narnianos. Miraz
                  estava no chão... não derrubado por Pedro, mas simplesmente caído, com a
                  cara  na  terra,  depois  de  ter  tropeçado  num  tufo  de  relva.  Pedro  recuou,
                  esperando que se levantasse.
                         – Ora bolas! Ora bolas! – repetiu Edmundo para consigo mesmo. –
                  Que idéia é essa de ser tão delicado? Bem, vá lá! Trata-se de um cavaleiro
                  e ainda por cima de um Grande Rei! Certamente que Aslam aprova a sua
                  atitude. Mas não tarda que aquele bruto se levante e então...

                         Aquele bruto, no entanto, não chegou a levantar-se. Lorde Glozelle e
                  lorde  Sopespian  tinham  lá  os  seus  planos.  Logo  que  viram  o  rei  caído,
                  saltaram para a arena, gritando:

                         – Traição! Traição! O traidor de Nárnia apunhalou o rei pelas costas
                  quando ele estava indefeso. Às armas! Às armas, Teimar!

                         Pedro  mal  teve  tempo  de  compreender  o  que  se  passava.  Dois
                  homens  enormes  avançavam  para  ele,  de  espada  em  punho.  Um  outro
                  saltou para a arena vindo da esquerda. Aí Pedro gritou:

                         – Às armas, Nárnia! Traição!
                         Se os três tivessem logo se atirado sobre Pedro, teriam acabado com
                  ele.  Glozelle, porém,  deteve-se  ainda para  apunhalar o próprio  rei,  caído
                  por terra.

                         –  Tome!  E  em  paga  do  insulto  desta  manhã  –  disse  baixinho,  ao
                  cravar-lhe a espada.

                         Pedro voltou-se para enfrentar Sopespian, vibrou-lhe um golpe nas
                  pernas e, invertendo imediatamente o movimento, fez-lhe saltar a cabeça.
                  Nesse momento, Edmundo já estava junto dele, gritando:

                         – Nárnia! Pelo Leão!
                         O  exército  telmarino  avançava  em  peso  para  eles.  Mas  o  gigante
                  começou  a  avançar  também,  baixando-se  para  um  e  para  outro  lado  e
                  fazendo  vibrar  sua  clava.  Os  centauros  iniciaram  o  ataque.  Pam,  pam,

                  ouvia-se lá atrás. Por sobre as cabeças... zim, zim... zuniam as flechas dos
                  anões. À esquerda lutava Trumpkin. Era a plena batalha.
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