Page 408 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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na e submeteram–na. Está compreendendo, rei Caspian?
– Compreendo, Senhor. Estava pensando que gostaria de ter tido uma
ascendência mais honrosa.
– Descende de Adão e Eva – tornou Aslam. – É honra
suficientemente grande para que o mendigo mais miserável possa andar de
cabeça erguida, e também vergonha suficientemente grande para fazer
vergar os ombros do maior imperador da Terra. Dê–se assim por satisfeito.
Caspian baixou a cabeça.
– E agora, homens e mulheres de Teimar, querem vocês voltar para
essa ilha no mundo dos homens, de onde vieram os seus pais? A raça de
piratas que ali desembarcou já se extinguiu, e a ilha está desabitada. Há
fontes de água fresca, solo fértil, madeira para construções, e as lagoas são
muito ricas em peixes. Os outros homens desse outro mundo ainda não
descobriram a ilha. A passagem está aberta para o regresso de vocês. Logo
que estiverem do outro lado, ela se fechará para sempre.
Durante alguns segundos, fez–se silêncio. Depois, um dos soldados
telmarinos, um sujeito forte e simpático, avançou e disse:
– Pois bem! Aceito a proposta.
– Aprovo a sua escolha – disse Aslam. – E, porque foi o primeiro a
decidir–se, um poder mágico se exercerá sobre você. Será feliz nesse outro
mundo. Em frente!
O homem, agora um pouco pálido, avançou. Aslam e os outros
afastaram–se, deixando–lhe livre acesso à porta feita de estacas.
– Atravesse–a, meu filho – disse Aslam, inclinando–se e tocando o
nariz do homem com o seu próprio nariz.
No momento em que sentiu o bafo do Leão, os seus olhos adquiriram
uma expressão nova (um pouco de surpresa, mas não de tristeza), como se
ele quisesse lembrar–se de alguma coisa. Endireitou–se e entrou pela porta.
Todos os olhares estavam cravados nele. Todos viam as três estacas
de madeira e, através delas, do outro lado, as árvores, a relva e o céu de
Nárnia. Viram o homem entre os dois postes; depois, de repente,
desapareceu.
Do outro extremo da clareira ouviu–se o pranto dos telmarinos:
– Ai! Que terá acontecido? Quer matar a todos nós? Não iremos para
lá.
Então um dos telmarinos mais inteligentes disse:
– Não vemos nenhum outro mundo além daqueles postes. Se quer