Page 409 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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que acreditemos no que diz, por que um dos seus não atravessa a porta? Os
                  seus amigos mantêm–se bem afastados dela.

                         Logo Ripchip avançou e fez uma reverência.

                         – Se meu exemplo pode servir de alguma coisa, Aslam, a uma ordem
                  sua  passarei  com  onze  ratos  por  debaixo  daquele  arco...  sem  a  menor
                  hesitação!

                         –  Não,  meu  filho –  disse  Aslam,  pousando de  leve  a  pata  sobre  a
                  cabeça  de  Ripchip.  –  Fariam  coisas  terríveis  com  vocês  naquele  mundo:
                  seriam exibidos nas feiras. São outros que têm de passar.
                         –  Vamos!  –  disse  Pedro  de  repente,  voltando–se  para  Edmundo  e
                  Lúcia. – Chegou a nossa hora.

                         – Que quer dizer com isso? – perguntou Edmundo.

                         – Por aqui – disse Susana, que parecia estar a par de tudo. – Temos
                  de voltar à floresta, para mudar...

                         – Mudar o quê? – perguntou Lúcia.
                         – A roupa, naturalmente! – declarou Susana. – Bonita figura iríamos

                  fazer na estação da estrada de ferro com estas roupas.
                         – Mas as nossas estão no castelo de Caspian –objetou Edmundo.

                         – Não! – disse Pedro, continuando no rumo da floresta mais cerrada.
                  – Estão aqui. Vieram esta manhã. Está tudo em ordem.

                         –  Era  disso  que  Aslam  falava  com  você  e  Susana  esta  manhã?  –
                  perguntou Lúcia.
                         – Era disso e de outras coisas – disse Pedro, com um ar muito solene.
                  – Não posso contar–lhes tudo. Há coisas que ele queria dizer a Su e a mim,
                  porque não voltaremos a Nárnia.

                         – Nunca mais?! – exclamaram Edmundo e Lúcia, consternados.

                         – Vocês hão de voltar – explicou Pedro. – Pelo menos, pelo que ele
                  disse, fiquei convencido de que ele deseja a volta de vocês um dia. Su e eu
                  é que não. Aslam diz que já estamos muito grandes.

                         – Mas, Pedro, que azar! – exclamou Lúcia.

                         – Acho que já estou conformado – replicou Pedro. – É tudo muito
                  diferente  do  que  eu  pensava.  Compreenderá  quando  chegar  a  sua  vez.
                  Agora vamos arrumar as coisas.
                         Foi  uma  sensação  esquisita  e  não  muito  agradável  despir  os  trajes
                  reais e voltar a aparecer com os uniformes de colégio, já um tanto usados.
                  Um ou dois dos telmarinos esboçaram uns risinhos de troça. Mas as outras
                  criaturas levantaram–se e aclamaram o Grande Rei Pedro, a rainha Susana,
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