Page 421 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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A BORDO DO PEREGRINO DA
ALVORADA
– Ah, aí vem Lúcia! – disse Caspian. – Estávamos à sua espera. Este
é o meu capitão, lorde Drinian.
Um homem de cabelos escuros pôs um joelho em terra e beijou a
mão de Lúcia. Os outros presentes eram só Ripchip e Edmundo.
– Onde está Eustáquio? – perguntou Lúcia.
– Na cama – respondeu Edmundo. – Acho que não podemos fazer
nada por ele. Fica ainda pior quando tentamos ajudá-lo.
– Precisamos conversar – disse Caspian.
– É claro – concordou Edmundo. – Antes de tudo, acerca do tempo.
Para nós passou um ano desde que o deixamos, antes de sua coroação.
Quanto tempo passou em Nárnia?
– Três anos precisamente – respondeu Caspian.
– Vai tudo bem por lá? – quis saber Edmundo.
– Iria eu deixar o meu reino e viajar se alguma coisa não estivesse
bem? – respondeu o rei. – As coisas não podem ir melhor. Não há agora
nenhum problema entre os telmarinos, os anões, os bichos falantes, os
faunos e todos os outros. E no verão passado demos uma lição tão grande
naqueles turbulentos gigantes da fronteira, que agora já me pagam imposto.
Deixei como regente, durante minha ausência, uma pessoa excelente,
Trumpkin, o Anão. Lembra-se dele?
– O meu querido Trumpkin! – exclamou Lúcia.
– Claro que me lembro. Não podia ter feito melhor escolha.
– Leal como um texugo e valente como... um rato – disse Drinian.
Estivera para dizer “como um leão”, mas notara os olhos de Ripchip fixos
nele.
– Para onde se dirigem vocês? – perguntou Edmundo.
– Ah – respondeu Caspian –, isso é uma longa história. Talvez ainda
se lembrem de que, quando eu era criança, meu tio Miraz usurpou o trono e
livrou-se de sete amigos de meu pai (para que não ficassem do meu lado),
mandando-os explorar os Mares Orientais além das Ilhas Solitárias.