Page 423 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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tinha  organizado  um  grande  torneio  em  honra  de  Sua  Majestade,  que
                  desmontou muitos cavaleiros...

                         –  E  levei  também  umas  tremendas  quedas,  Drinian  –  observou
                  Caspian. – Ainda tenho as marcas...

                         –  ...  e  desmontou  muitos  cavaleiros  –  repetiu  Drinian,  com  um
                  trejeito.  –  Pareceu-nos  que  o  duque  teria  ficado  muito  contente  se  o  rei
                  tivesse casado com a filha dele, mas isso não aconteceu...

                         – Tem olhos tortos e sardas – disse Caspian.
                         – Coitadinha! – exclamou Lúcia.

                         – Saímos de Galma – continuou Drinian – e por dois dias pegamos
                  uma  grande  calmaria  que  nos  obrigou  a  remar,  mas  o  vento  voltou  e
                  levamos  quatro  dias  para  chegar  a  Terebíntia.  Aí,  o  rei  nos  mandou  um
                  recado para que não desembarcássemos, pois havia peste no país. Assim,
                  dobramos  o  cabo,  ancoramos  numa  pequena  enseada  longe  da  cidade  e
                  recolhemos água. Tivemos de ficar ancorados três dias nesse lugar, antes
                  que apanhássemos um vento sudoeste para seguir a caminho das Sete Ilhas.
                  No  fim  do  terceiro  dia,  um  navio  pirata  (de  Terebíntia,  pela  aparência)
                  alcançou-nos,  mas  quando  nos  viu  bem  armados  afastou-se,  de  pois  de
                  rápida troca de flechas...

                         – Devíamos ter ido atrás deles e liquidado todos aqueles piolhos –
                  disse Ripchip.

                         – Cinco dias mais tarde estávamos à vista de Muil, que, como sabem,
                  é a mais ocidental das Sete Ilhas. Remamos através dos estreitos e, perto do
                  anoitecer,  chegamos  a  Porto  Vermelho,  na  ilha  de  Brena,  onde  nos
                  receberam  festivamente,  e  onde  nos  abastecemos  à  vontade  de  víveres  e
                  água. Deixamos Porto Vermelho há seis dias e temos navegado com tanta
                  rapidez  que  esperamos  ver  as  Ilhas  Solitárias  depois  de  amanhã.  Em
                  resumo,  estamos  no  mar  há  uns  trinta  dias  e  já  navegamos  mais  de
                  quatrocentas léguas desde Nárnia.

                         – E além das Ilhas Solitárias? – perguntou Lúcia.
                         – Ninguém sabe, real senhora. A não ser que os próprios habitantes
                  das ilhas saibam nos informar.

                         – Não sabiam na nossa época – respondeu Edmundo.

                         –  Por  isso  –  disse  Ripchip  –,  é  depois  das  Ilhas  Solitárias  que  a
                  aventura é pra valer!

                         Caspian sugeriu que talvez gostassem de ver o navio antes da ceia,
                  mas a consciência de Lúcia a afligia muito.
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