Page 442 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Acho que já tivemos governadores demais – e assim concedeu a
lorde Bern o título de duque, Duque das Ilhas Solitárias.
– Quanto ao senhor – falou Caspian para Gumpas –, está perdoado
pela dívida do tributo. Mas, antes do meio-dia, o senhor e os seus homens
todos têm de sair do castelo, que é agora residência do duque.
– Um momentinho – disse um dos secretários de Gumpas –, tudo isto
está muito divertido, mas que tal se os senhores acabassem com a
brincadeira e começássemos a tratar de negócios?... A questão que temos
realmente perante nós é que...
– A questão é saber – disse o duque – se você e o resto da canalhada
vão embora com açoites ou sem açoites! Podem escolher.
Quando tudo ficou satisfatoriamente resolvido, Caspian mandou
buscar cavalos (havia, mas muito maltratados) e partiu com Drinian, Bern e
alguns outros para a cidade, dirigindo-se ao mercado de escravos. Era um
prédio baixo e comprido perto do porto. O espetáculo lá dentro era muito
parecido com o de qualquer outro leilão: uma grande multidão e Pug no
estrado, bradando com voz rouca:
– Agora, meus senhores, lote 23. Um belo agricultor de Terebíntia,
próprio para minas e galés.
Menos de vinte e três anos. Bons dentes. Um rapaz sadio e forte. Tire
a camisa dele, Taco, para que estes senhores possam ver melhor! Aqui os
senhores têm músculos para servi-los! Olhem para este peito! Dez
crescentes para aquele senhor ali do canto. Está brincando, cavalheiro?
Quinze! Dezoito! Arremata-se o lote 23 por dezoito? Vinte e um. Muito
obrigado. Arrematado por vinte e um crescentes.
De repente Pug calou-se e ficou de boca aberta ao ver as figuras
vestidas de cota de malha que subiam ao estrado.
– Todos de joelhos perante o Rei de Nárnia! – clamou o duque.
Ouvia-se lá fora o relinchar de cavalos, e muitos que ali estavam já
tinham ouvido rumores sobre o desembarque e os acontecimentos no
castelo. A maioria obedeceu. Os que não obedeciam eram empurrados
pelos vizinhos. Alguns davam vivas.
– A sua vida me pertence, Pug, por ter ousado ontem pôr as mãos na
minha real pessoa – disse Caspian. – Mas perdôo sua ignorância. O
comércio de escravos foi abolido em nossos domínios há quinze minutos.
Declaro livres todos os escravos deste mercado.
Levantou a mão para deter as aclamações dos escravos e perguntou:
– Onde estão os meus amigos?