Page 438 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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UMA VITÓRIA DE CASPIAN
Na manhã seguinte, lorde Bern chamou os hóspedes bem cedo e
pediu a Caspian que mandasse seus homens vestirem armadura completa.
– E especialmente – acrescentou – que tudo esteja tão limpo e
reluzente como na manhã de um grande combate entre nobres reis, com um
grande público assistindo.
Assim fizeram; Caspian com a sua gente e Bern com alguns de seus
homens embarcaram em três botes com destino a Porto Estreito.
No cais, Caspian encontrou grande multidão a recebê-lo.
– Foi isto que mandei preparar na noite passa da – disse Bern. – São
todos meus amigos e gente de bem.
Logo que Caspian desembarcou, a multidão rebentou em hurras e
gritos: “Nárnia! Nárnia! Viva o Rei!”
No mesmo instante – também devido ao mensageiro de Bern –,
começaram a tocar os sinos em vários lugares da cidade. Caspian mandou
avançar seu pavilhão, ordenou que o corneteiro tocasse, que todos
desembainhassem as espadas e que tivessem no rosto uma expressão de
alegre serenidade. Marcharam de tal modo que toda a rua estremecia, e as
armaduras brilhavam tanto ao sol da manhã que era impossível olhá-las
fixamente.
A princípio, as únicas pessoas que davam vivas eram as que tinham
sido avisadas pelo mensageiro de Bern, que sabiam o que se passava e
gostavam disso; mas depois vieram as crianças, porque estas adoravam os
desfiles e tinham visto ainda muito poucos. Em seguida, foram os garotos
de escola, que também gostavam de desfiles e achavam que quanto mais
barulho houvesse menor seria a probabilidade de irem à escola naquela
manhã. E depois as velhas começaram a esticar o pescoço para fora das
portas e janelas e a tagarelar... Um rei ia passar, e o que é um governador
comparado com um rei? Vieram depois as moças, pela mesma razão, e
também porque Caspian, Drinian e os outros eram muito simpáticos. E
depois os rapazes vieram para ficar perto das moças. Já era quase a cidade
toda aclamando quando alcançaram os portões do castelo. Sentado à sua
mesa, remexendo contas, regulamentos e leis, Gumpas ouviu o barulho.
À entrada do castelo, o corneteiro tocou, gritando em seguida: