Page 435 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Sentaram-se na palha, imaginando o que estaria acontecendo com Caspian.
                  E tentando calar Eustáquio, que queria culpar a todos, menos a si próprio,
                  pelo acontecido.

                         Do lado de Caspian, as coisas eram mais interessantes. O homem o
                  levou por um atalho até um campo atrás da aldeia.

                         – Não precisa ter medo de mim – disse. – Vou tratá-lo muito bem.
                  Comprei-o por causa de sua fisionomia. Você me lembra alguém.

                         – Posso saber quem, meu senhor? – perguntou Caspian.
                         – O meu amo, o rei Caspian de Nárnia.

                         Caspian resolveu então arriscar tudo de uma vez:

                         – Meu senhor, eu sou Caspian, rei de Nárnia.

                         –  Assim  é  muito  fácil.  –  disse  o  outro  –  Como  posso  saber  se  é
                  verdade?
                         –  Em  primeiro  lugar,  vê-se  pela  minha  cara.  Em  segundo  lugar,
                  porque sou capaz de dizer quem é você entre seis outros. Você é um dos
                  sete  fidalgos  que  meu  tio  Miraz  mandou  para  o  mar:  Argos,  Bern,

                  Octasiano, Restimar, Mavramorn, e... e... me esqueci dos outros. Se me der
                  uma espada provarei, em combate leal, que sou Caspian, filho de Caspian,
                  legítimo  rei  de  Nárnia,  Senhor  de  Cair  Paravel  e  Imperador  das  Ilhas
                  Solitárias.
                         -Justos céus! – exclamou o homem. – É exatamente a mesma voz e a
                  mesma maneira de falar do pai. Meu senhor e meu rei!

                         Ajoelhou-se e beijou a mão de Caspian, que lhe disse:

                         – O dinheiro que desembolsou será restituído pelo nosso tesouro.
                         – Já não deve estar na bolsa de Pug, senhor – disse lorde Bern, pois
                  era  ele  –  e,  segundo  penso,  nunca  estará.  Já  disse  centenas  de  vezes  ao
                  governador para acabar com esse infame comércio de seres humanos.

                         –  Caro  lorde  Bern,  temos  muito  o  que  falar  sobre  o  que  se  passa
                  nestas ilhas, mas quero ouvir primeiro a sua história.

                         –  É  muito  curta,  senhor.  Vim  dar  aqui  com  os  meus  seis
                  companheiros, gostei de uma moça destas ilhas e cheguei à conclusão de
                  que  havia  andado  muito  tempo  pelo  mar.  Enquanto  seu  tio  estivesse  no
                  governo não seria possível voltar a Nárnia; assim, casei-me e aqui tenho
                  vivido desde então.

                         –  Como  é  esse  Gumpas,  o  governador?  Ainda  reconhece  o  rei  de
                  Nárnia como soberano?
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