Page 436 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Aparentemente sim. Tudo é feito em nome do rei. Mas ele não vai
ficar nada satisfeito ao ver o rei de Nárnia, real e vivo, a pedir-lhe contas do
que fez. Se Vossa Majestade aparecesse na frente dele sozinho e
desarmado, bem... não negaria vassalagem, mas fingiria não acreditar.
– O meu navio está agora virando o cabo. Se for preciso combater,
somos trinta espadas. Posso cair sobre Pug com o meu navio e libertar
meus amigos, que ele tem cativos.
– Não o aconselho a fazer isso – disse Bern. – Logo que começasse o
combate, sairiam de Porto Estreito dois ou três navios em socorro de Pug.
Vossa Majestade tem de agir fazendo alarde de um poderio que na
realidade não tem e debaixo do terror produzido pelo nome do rei. Não
deve ir em combate. Gumpas não agüenta uma galinha pelo rabo e
acovarda-se facilmente.
Falaram mais algum tempo e desceram até a costa, desviando-se para
oeste da aldeia; aí, Caspian fez soar a trompa (não era a trompa mágica da
rainha Susana, que ficara em Nárnia com o regente Trumpkin, para o caso
de alguma urgência).
Drinian, que estava de vigia à espera de um sinal, reconheceu logo a
trompa real, e o Peregrino começou a aproximar-se da praia. O bote foi de
novo arriado, e em poucos momentos Caspian e lorde Bern encontravam-se
no convés explicando para Drinian a situação.
Este, como Caspian, teria preferido acostar o navio de escravos e
fazer uma abordagem, mas Bern apresentou a objeção anterior.
– Navegue reto pelo canal, capitão – disse Bern.
– Vire depois para Avra, onde tenho os meus domínios. Hasteie o
pavilhão azul, suspenda todos os escudos, mande para a ponte de combate
o maior número possível de homens. Cerca de cinco tiros de flechas daqui,
quando chegar à entrada do porto, faça alguns sinais.
– Sinais? Para quem? – perguntou Drinian.
– Para os navios que não trouxemos, mas que é preciso que Gumpas
julgue que trouxemos.
– Estou entendendo – respondeu Drinian, esfregando as mãos. – E
eles irão ler os nossos sinais.
Que vamos dizer? Que a Armada vire ao sul de Avra e se reúna...
– No domínio de Bern – completou lorde Bern.
– Perfeito. Se existissem alguns navios, toda a travessia se faria fora
das vistas de Porto Estreito.