Page 433 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Para onde está nos levando? – perguntou Lúcia, pronunciando as
                  palavras com dificuldade.

                         – Para Porto Estreito – respondeu o mercador.

                         – Amanhã é dia de feira.

                         – Existe lá um cônsul britânico? – perguntou Eustáquio.
                         – Existe o quê?! – estranhou o homem.

                         Mas, antes que Eustáquio se cansasse de explicar, o mercador disse
                  apenas:

                         – Chega de conversa fiada. O rato é uma boa mercadoria, mas este
                  aqui fala pelos cotovelos. Vamos andando, pessoal.

                         Os quatro prisioneiros foram amarrados juntos, não de maneira cruel,
                  mas  de  modo  que  ficassem  seguros.  Tiveram  de  caminhar  até  a  praia.
                  Ripchip era transportado no colo. Tinha parado de morder, sob a ameaça de
                  lhe amordaçarem, mas desforrava-se protestando. Lúcia estava boba de ver
                  como o mercador agüentava as coisas que o rato lhe dizia. – Continue! –
                  dizia ele, sem se irritar, sempre que Ripchip parava para tomar fôlego; e
                  acrescentava  de  vez  em  quando:  –  Isto  é  melhor  do  que  ir  ao  teatro  de
                  marionetes; chego a pensar que sabe o que está dizendo! Quem o ensinou a
                  falar?

                         Isso  enfureceu  tanto  Ripchip  que  ele  acabou  sufocado  (com  tanta
                  coisa para falar ao mesmo tempo) e calou a boca.
                         Quando  chegaram  à  praia,  que  ficava  em  frente  de  Durne,
                  encontraram uma aldeiazinha e, um pouco mais longe, um barco comprido,
                  que parecia sujo de lama.

                         – Agora, jovens – disse o mercador –, nada de confusões, para não
                  terem o que lamentar. Todos a bordo.

                         Nesse mesmo instante, um homem barbado, de boa aparência, saiu
                  de uma casa (uma estalagem, acho) e disse:

                         – Olá, Pug. Mais um pouco de sua mercadoria de sempre?
                         O mercador fez uma profunda reverência e disse num tom mesureiro:

                         – Pois é. Vossa Senhoria quer alguma?

                         –  Quanto  está  pedindo  por  aquele  rapaz?  –  perguntou  o  outro,
                  apontando para Caspian.

                         –  Ah,  Vossa  Senhoria  sempre  escolhe  o  melhor.  Não  se  deixa
                  enganar com coisa de segunda classe.
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