Page 431 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Se  Caspian  já  fosse  tão  experiente  como  veio  a  ser  mais  tarde
                  naquela mesma viagem, não teria feito essa sugestão, que, de momento, lhe
                  parecia excelente.

                         – Ótimo! – gritou Lúcia.

                         – Quer vir também? – indagou Caspian a Eustáquio, que tinha subido
                  ao convés com a mão enfaixada.

                         – Qualquer coisa é melhor do que a droga deste navio!
                         – Droga! Que quer dizer com isso? – perguntou Drinian.

                         – Num país civilizado, como aquele de onde vim, os navios são tão
                  grandes que, quando se entra neles, nem se chega a perceber que andou no
                  mar.

                         –  Nesse  caso  podiam  ficar  sempre  em  terra.  –  disse  Caspian.  –
                  Drinian, pode mandar descer o bote.

                         O rei, o rato, os dois Pevensie e Eustáquio entraram no bote e foram
                  levados à praia de Feli-mate. Quando o bote os deixou e voltou, olharam
                  em torno: ficaram surpresos ao ver como o Peregrino parecia pequenino.

                         Claro  que  Lúcia  continuava  descalça,  pois  havia  tirado  os  sapatos
                  para nadar, mas não achava nada difícil caminhar sobre a relva macia. Era
                  formidável  pisar  novamente  no  chão,  sentir  o  cheiro da  terra  e  da  relva,
                  ainda que a princípio o terreno parecesse balançar como no barco, o que
                  acontece  normalmente  durante  algum  tempo,  depois  de  uma  viagem  por
                  mar. Era mais quente ali do que a bordo, e Lúcia gostou de pisar na areia.
                  Uma cotovia cantava.
                         Subiram a um monte bastante escarpado, ainda que baixo. No alto,
                  como é natural, olharam para trás e lá estava o Peregrino brilhando como
                  um grande inseto reluzente, movendo-se lentamente para noroeste com os
                  seus remos. Dobraram a crista do monte e não mais o viram.

                         Durne  estava  na  frente,  separada  de  Felimate  por  um  canal  com
                  menos de dois quilômetros; à esquerda ficava Avra.

                         Via-se  nitidamente  a  cidadezinha  branca  de  Porto  Estreito,  em
                  Durne.

                         – O que é aquilo? – perguntou Edmundo.
                         No vale verde, para o qual desciam, estavam sentados, à sombra de
                  uma árvore, seis ou sete homens de má aparência, todos armados.

                         – Não  lhes  digam  quem  somos  –  falou Caspian.

                         –  Pode-se  saber  por  quê,  Majestade?  –  perguntou  Ripchip,  que
                  concordara em ser transportado no ombro de Lúcia.
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