Page 478 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 478

–  Acho  que  não  vive  ninguém  aqui!  –  Caspian  apontou-lhe
                  silenciosamente uma coluna de fumo que saía da chaminé. Entraram por
                  um grande portão aberto que dava para um pátio pavimentado. E foi ali que
                  tiveram o primeiro indício de que havia qualquer coisa de estranho naquela
                  ilha.

                         No  meio  do  pátio  havia  uma  bomba  d’água  e,  debaixo  desta,  um
                  balde. Nada havia de estranho nisso, mas o braço da bomba movia-se para
                  baixo e para cima, embora parecesse que ninguém o acionava.

                         – Tem magia por aqui – disse Caspian.

                         – Da mecânica, isto sim! – exclamou Eustáquio.
                         – Acho que finalmente chegamos a um país civilizado.

                         Nesse  momento,  Lúcia,  vermelha  e  ofegante,  irrompeu  pelo  pátio.
                  Em voz baixa tentou explicar-lhes o que ouvira. E, quando compreenderam
                  parte do que se passava, nem o mais valente ficou satisfeito.

                         –  Inimigos  invisíveis!  –  murmurou  Caspian.  –  E  cortam-nos  a
                  retirada para o barco. Vai ser duro descalçar esta bota!

                         –  Você  tem  alguma  idéia  de  que  tipo  de  criaturas  se  trata,  Lu?  –
                  perguntou Edmundo.

                         – Como poderia saber, se não os vi?
                         – Parecia barulho de ser humano ao andar?

                         – Não ouvi nenhum barulho de pé, só vozes e aquele horrível bater,
                  incessante, como um martelão.

                         – Estou pensando se não se tornarão visíveis se lhes espetarmos uma
                  espada na barriga – disse Ripchip.
                         – Acho que temos de experimentar – falou Caspian. – Mas vamos
                  sair deste pátio; ali está um deles trabalhando na bomba e ouvindo tudo o
                  que estamos conversando.

                         Voltaram ao prado, onde as árvores poderiam escondê-los melhor.

                         – Isto não adianta nada – falou Eustáquio –, querer se esconder de
                  gente que não se vê. Podem estar todos aqui em volta.

                         – Escute, Drinian – disse Caspian. – Que tal se deixássemos o bote e
                  fizéssemos sinal ao Peregri no para que nos recolhesse no fundo da baía?

                         – Não tem profundidade bastante – respondeu Drinian.
                         – Iríamos a nado – disse Lúcia.

                         –  Ouçam,  Altezas  –  chiou  Ripchip.  –  É  uma  loucura  fugir  de  um
                  inimigo invisível com subterfúgios e artimanhas. Se essas criaturas estão
   473   474   475   476   477   478   479   480   481   482   483