Page 477 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Tump... Tump... Tump... – fosse o que fosse, estava muito perto, pois
                  ela sentia o chão tremer. Mas nada via.

                         A coisa – ou coisas – devia estar bem atrás dela. De repente ouviu
                  um estrondo no caminho, bem na sua frente. Compreendeu que era naquele
                  lugar,  não  só  por  causa  do  som,  como  também  porque  viu  a  areia
                  espalhando-se  no  ar  como  se  tivesse  sofrido  uma  forte  pancada.  Depois,
                  todos os estampidos se reuniram a uns cinco metros de distância, cessando
                  subitamente.  Depois  veio  a  Voz.  Era  horrível,  porque  ainda  não  tinha
                  conseguido  ver  ninguém.  Toda  aquela  região,  que  mais  lembrava  um
                  parque, parecia tão sossegada e vazia como quando haviam desembarcado.
                  No entanto, a poucos metros de distância, uma voz falou:

                         – Camaradas, eis a nossa oportunidade!

                         Imediatamente respondeu-lhe um coro de vozes:
                         – Ouçam, ouçam. Eis a nossa oportunidade!

                         Muito bem, chefe. Nunca falou tanta verdade.

                         A primeira voz continuou:

                         – O que eu acho é que devemos ir para a praia e ficar entre eles e o
                  navio;  e  que  cada  um  cuide  de  suas  armas.  Vamos  apanhá-los  quando
                  tentarem embarcar.

                         – É a melhor maneira, sem dúvida alguma – gritaram as outras vozes
                  todas.  –  Nunca  alguém  fez  um  plano  tão  bom,  chefe.  Nunca  se  poderá
                  imaginar um plano melhor do que esse.
                         –  Então,  coragem,  camaradas,  coragem;  vamos  a  eles  –  disse  a
                  primeira voz.

                         – Está outra vez cheio e repleto de razão, chefe – disseram os outros.
                  –  É  a  melhor  ordem  que  nos  podia  dar.  Exatamente  o  que  estávamos
                  querendo dizer. Vamos a eles!

                         O barulho começou forte, a princípio, e depois cada vez mais fraco,
                  até morrer na direção do mar.

                         Lúcia sabia que não era o momento de ficar ali sentada matutando
                  sobre quem seriam as criaturas invisíveis. Cessado o barulho, levantou-se e
                  correu  pela  alameda  atrás  dos  outros.  Tinham  de  ser  avisados  o  quanto
                  antes.
                         Os outros tinham chegado à casa. Era um edifício baixo – só de dois
                  andares  –  feito  de  bonita  pedra  esverdeada,  com  muitas  janelas  e
                  parcialmente  coberto  de  hera.  Estava  tudo  tão  silencioso  que  Eustáquio

                  disse:
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