Page 472 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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–  Pelo  aspecto,  parece  de  Nárnia  –  disse  Caspian,  quando  se
                  juntaram todos para ver.

                         – Também me sentei em cima de alguma coisa – disse Lúcia. – Uma
                  coisa  dura!  –  Eram  os  restos  de  uma  armadura.  Já  todos  estavam  de
                  gatinhas, apalpando o capim em todos os sentidos.

                         Aos poucos, a busca revelou um elmo, uma adaga e várias moedas.
                  Não eram crescentes da Calormânia, mas autênticos “leões” e “árvores” de
                  Nárnia.

                         – Acho que é tudo que resta de um dos nossos sete fidalgos – disse
                  Edmundo.
                         – Estava pensando justamente nisso – falou Caspian. – Resta saber
                  qual deles. Não há nada na adaga que o indique. Nem faço idéia de como
                  morreu.

                         – Nem de como haveremos de vingá-lo – acrescentou Ripchip.

                         Edmundo,  o  único  do  grupo  que  lera  histórias  policiais,  pôs-se  a
                  pensar no caso.

                         – Olhem aí: há qualquer coisa de estranho nisso. Não pode ter sido
                  morto em combate.

                         – E por que não? – perguntou Caspian.
                         – Não há aqui nenhum osso – respondeu Edmundo. – Um inimigo
                  teria levado a armadura e deixado o corpo. Alguém já ouviu falar de um
                  sujeito que depois de ganhar um combate leve o corpo e deixe a armadura?

                         –  Talvez  tenha  sido  comido  por  um  animal  selvagem  –  observou
                  Lúcia.

                         – Tinha de ser um animal muito inteligente – respondeu Edmundo –
                  para tirar a armadura de um homem.
                         – Talvez um dragão – disse Caspian.

                         – Nem por sombra! – exclamou Eustáquio. -

                         Um dragão seria incapaz de fazer isso. De dragão eu entendo!

                         – Se vocês estiverem de acordo – propôs Caspian, levantando-se –
                  acho que não vale a pena levar nada daqui.

                         Contornaram o lago e desceram até a abertura por onde saía a água.
                  Se o dia estivesse quente, alguns deles teriam tomado um banho. Eustáquio
                  inclinou-se  sobre  a  água  para  beber  na  concha  das  mãos,  mas  antes  que
                  pudesse fazê-lo foi interrompido pelo grito simultâneo de Lúcia e Ripchip:
                  -Olhem! – Eustáquio deteve-se e olhou.
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