Page 471 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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–  Então,  vamos  –  concordou  Eustáquio.  –  A  gente  não  precisa  se
                  molhar mais do que o necessário.

                         Mas Drinian insistia em continuar para estibordo, como as pessoas
                  que teimam em dirigir a cem quilômetros por hora, apesar de avisadas de
                  que se enganaram de estrada.

                         – Eles estão certos, Drinian – falou Caspian.

                         – Por que não vira o navio e segue para outro riacho?
                         –  Como  Vossa  Majestade  quiser  –  disse  Drinian,  um  tanto
                  secamente. O dia anterior fora extrema mente fatigante por causa do mau
                  tempo  e,  além  disso,  ele  não  gostava  de  conselhos  de  gente  de  terra.
                  Contudo,  mudou  de  rumo,  verificando-se  mais  tarde  ter  sido  uma  boa
                  resolução.

                         Quando acabaram de recolher água, tinha cessado a chuva. Caspian,
                  com Eustáquio, os Pevensie e Ripchip resolveram ir ao cimo do monte para
                  ver o que podiam avistar de lá. Foi uma subida difícil pela relva áspera e
                  espinhenta.  Não  encontraram  nem  animais  nem  gente,  apenas  gaivotas.
                  Quando atingiram o cume, viram que se tratava de uma pequena ilha de
                  poucos quilômetros. Lá do alto, o mar parecia maior e mais desolado do
                  que visto do convés ou da torre do Peregrino.

                         – É uma completa loucura – disse Eustáquio a Lúcia, em voz baixa,
                  olhando o horizonte para os lados do oriente – continuar a navegar nisso
                  sem

                         saber aonde vamos parar!

                         Estava frio demais para continuarem lá no alto.
                         –  Não  vamos  voltar  pelo  mesmo  caminho  –  sugeriu  Lúcia.  –
                  Continuamos mais um pouco e de pois descemos pelo outro riacho, aonde
                  Drinian queria ir.

                         Todos  concordaram  e,  cerca  de  quinze  minutos  mais  tarde,
                  encontravam-se na nascente do segundo rio.

                         O lugar era mais interessante do que haviam imaginado; um pequeno
                  lago  de  montanha  rodeado  de  penedos,  exceto  do  lado  de  onde  saía  um
                  canal estreito que levava a água para o mar.

                         Ali, abrigados do vento, sentaram-se todos no capim para descansar.
                  Mas Edmundo levantou-se logo, de um salto.
                         – Esta ilha é feita de pedras pontudas? Ah, peguei... Ei, não é pedra,
                  é um punho de espada.

                         Que nada, é uma espada inteira, o que a ferrugem deixou. Deve estar
                  aqui há um tempo enorme.
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