Page 468 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Vem outra subindo – disse Edmundo.
– E mais perto – observou Eustáquio.
– E estão se movendo nesta direção – disse Caspian.
– E andam mais depressa do que nós. Daqui a um minuto baterão no
navio – acrescentou Drinian.
Prenderam a respiração, pois não é nada agradável ser perseguido em
terra ou no mar por um ser desconhecido. Mas o que estava para acontecer
era muito pior do que suspeitavam.
Subitamente, quase junto a bombordo, ergueu-se do mar uma cabeça
horrível. Toda verde e vermelha, com manchas purpurinas, exceto nos
lugares a que se agarravam mariscos, e tinha o feitio da cabeça de um
cavalo, mas sem orelhas. Os olhos eram enormes, feitos para enxergar nas
profundezas escuras do oceano, e na boca escancarada alinhava-se uma
dupla fileira de dentes, afiados como os dos peixes. A princípio, pareceu-
lhes que a cabeça se apoiava num comprido pescoço, mas, à medida que
emergia das águas, compreenderam todos que não era o pescoço, mas o
próprio corpo... Viam finalmente agora o que tanta gente anseia por ver: a
grande Serpente do Mar. As curvas da sua gigantesca cauda estendiam-se a
uma grande distância, elevando-se, com intervalos, da superfície do mar. E
sua cabeça agora erguera-se acima do mastro.
Correram todos para as espadas, mas nada podiam fazer, pois o
monstro estava fora do alcance.
– Atirar, atirar! – disse o arqueiro-mor; alguns homens obedeceram,
mas as flechas bateram no corpo da serpente como se este fosse de aço.
Durante um angustiante minuto, ficaram todos em silêncio, olhando
aterrados aqueles olhos e aquela boca, tentando imaginar a que parte do
navio ela se lançaria. Mas não se lançou. Arremessou a cabeça para a frente
cruzando o barco ao nível da verga do mastro. Sua cabeça estava agora
bem ao lado da torre de combate. Estendeu-se ainda mais, até ficar com a
cabeça por cima dos costados de estibordo. Depois começou a baixar, não
para o convés apinhado de gente, mas para a água, de modo que todo o
navio ficou debaixo do arco de
seu corpo. A seguir, o arco começou a diminuir; do lado de
estibordo, a Serpente do Mar estava quase tocando o costado do Peregrino.
Eustáquio (que realmente estivera tentando portar-se bem, até que a
chuva e o xadrez o fizeram recair) praticou o primeiro ato corajoso de sua
vida. Tinha uma espada que Caspian lhe emprestara. Logo que o corpo da
serpente ficou suficientemente perto do lado de estibordo, saltou para o
costado e começou a golpeá-lo com toda a vontade. Na verdade nada
conseguiu, a não ser partir em pedaços a melhor espada de Caspian, mas