Page 467 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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DOIS SÉRIOS PERIGOS
Todos estavam contentes quando o Peregrino da Alvorada saiu da
Ilha do Dragão. Tiveram logo vento favorável e no dia seguinte, muito
cedo, chegaram à terra desconhecida, que alguns já tinham visto ao voar
sobre as montanhas nas costas do dragão.
A ilha era baixa e verde, habitada apenas por coelhos e cabras, mas
calcularam já ter vivido gente lá, não muito tempo atrás, pelas ruínas das
cabanas de pedra e pelos lugares enegrecidos onde tinham ardido fogueiras.
Havia também ossos e armas partidas.
– Coisa de piratas – disse Caspian.
– Ou de dragões – disse Edmundo.
A única coisa que encontraram foi um barquinho de couro encalhado
na areia. Era muito pequeno, com cerca de um metro de comprimento, e o
remo tinha um tamanho adequado às dimensões do barco. Segundo lhes
parecia, ou o barco fora feito para uma criança ou aquela terra era habitada
por anões.
Ripchip levou o bote para bordo, pois era do tamanho que lhe
convinha. Chamaram à terra Ilha Queimada e partiram antes do anoitecer.
Durante cinco dias foram empurrados por um vento sul, sem verem terra,
nem peixes, nem gaivotas. Houve um dia em que choveu forte até a tarde.
Eustáquio perdeu duas partidas de xadrez para Ripchip e começou a
lembrar de novo o antigo e enjoado menino que fora. Edmundo disse que
teria preferido ir aos Estados Unidos com Susana. Lúcia olhou pela
janelinha do camarote e disse:
– Parece que a chuva parou. Mas o que é aquilo?
Correram todos para a popa e viram que a chuva tinha cessado;
Drjnian, que estava de vigia, olhava atentamente para uma coisa do lado da
popa. Ou melhor, para várias coisas. Pareciam pequenas rochas lisas, uma
porção delas, separadas umas das outras cerca de quinze metros.
– Não podem ser rochas – disse Drinian. – Não estavam lá há cinco
minutos.
– Agora mesmo desapareceu uma – exclamou Lúcia.