Page 463 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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puxou  a  espada  e  já  estava  prestes  a  atacar  o  estranho,  quando  este
                  perguntou em voz baixa:

                         – É você, Edmundo?

                         – Sou eu, e quem é você?

                         – Não está me conhecendo? Sou eu, o Eustáquio.
                         – Caramba! É mesmo você, meu caro?...

                         – Silêncio! – respondeu Eustáquio, cambaleando como se fosse cair.

                         – Opa! Que tem você? Sente-se mal?

                         Eustáquio  ficou  tanto  tempo  em  silêncio  que  Edmundo  achou  que
                  tivesse desmaiado. Mas disse por fim:
                         – Foi horrível. Você não pode imaginar, mas agora já me sinto bem.
                  Podemos conversar um pouco por aí? Não quero, por enquanto, encontrar-
                  me com os outros.

                         –  Naturalmente,  onde  você  quiser.  Vamos  até  aquelas  rochas  lá
                  embaixo. Estou muito contente de vê-lo de novo. Você deve ter passado
                  por maus lençóis.

                         Caminharam  para  as  rochas  e  sentaram-se  para  olhar  a  baía,
                  enquanto  o  céu  se  tornava  mais  pálido  e  as  estrelas  iam  desaparecendo,
                  com exceção de uma, muito brilhante e muito perto da linha do horizonte.

                         – Não vou contar como virei dragão, pois tenho também de contar
                  para os outros para acabar de uma vez para sempre com isso tudo. Aliás, só
                  soube que era dragão quando ouvi você usar essa palavra medonha naquela
                  manhã em que voltei.
                         Mas vou lhe dizer como deixei de ser dragão.

                         – Vá em frente – disse Edmundo.

                         – Bem, na noite passada eu estava mais infeliz do que nunca. Este
                  bracelete horrível me machucava como o quê...

                         – Não machuca mais?

                         Eustáquio  sorriu  –  um  sorriso  diferente  daquele  que  Edmundo
                  conhecia – e facilmente deslizou o bracelete para fora do braço.
                         – Aqui está – disse Eustáquio. – Se alguém quiser, que fique com ele.
                  Mas, como ia dizendo, estava ali deitado, pensando na minha vida, quando
                  de repente... Mas, pense bem, isso pode ter sido um sonho. Não sei...

                         – Continue – disse Edmundo, com uma paciência espantosa.
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