Page 481 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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dito que ela lê muito bem, e ficamos todos invisíveis, como vocês agora
                  podem ver, ou não ver. Juro que foi um alívio não ver mais as caras uns dos
                  outros. Pelo menos a princípio. Mas acontece agora que já não agüentamos
                  mais ser invisíveis. E há outra coisa. Nunca soubemos se o mágico, aquele
                  do qual eu falava há pouco, também ficou invisível. Nunca mais o vimos.
                  Não sabemos se está vivo ou morto, ou se foi embora, se está lá em cima,
                  sentado e invisível, ou se desceu e está aqui agora, também invisível. Não
                  há jeito de ouvi-lo, pois ele anda sempre descalço, mais silencioso do que
                  um gato. Com franqueza, cavalheiros, os nossos nervos já não agüentam
                  mais!

                         Foi essa a história do chefe, mas muito resumida, porque não incluí o
                  que as outras vozes disseram. O chefe, de fato, não dizia mais de seis ou
                  sete  palavras  sem  ser  interrompido  por  manifestações  de  aprovação  ou
                  encorajamento das  outras vozes, o  que  levou  a  turma  de  Nárnia quase  a
                  perder a paciência. Quando terminou, foi um grande silêncio.

                         – Mas o que temos com isso? Não estou entendendo! – disse Lúcia,
                  finalmente.

                         – Que diabo, que diabo! No fim das contas me esqueci do principal –
                  disse a voz do chefe.
                         – Esqueceu mesmo, esqueceu mesmo! – grita ram as outras vozes,
                  com  entusiasmo.  –  Só  o  senhor  seria  capaz  de  se  esquecer  tão
                  completamente de uma coisa tão importante. Muito bem, chefe!

                         –  Bem  –  continuou  o  chefe,  acho  que  não  preciso  contar  tudo  de
                  novo, desde o princípio...

                         – Não, não mesmo! – disseram Caspian e Edmundo.

                         –  Para  resumir  –  recomeçou  a  voz  do  chefe  –,  há  muito  que
                  esperávamos uma linda menina, de um país estrangeiro, para ir lá em cima,
                  no  livro  mágico,  procurar  palavras  que  possam  tornar  a  gente  de  novo
                  visível. Ela terá de pronunciá-las, depois que encontrá-las. Juramos que os
                  primeiros  estrangeiros  que  aportassem  a  esta  ilha,  trazendo  uma  linda
                  menina – pois, se não trouxessem, o caso seria outro –, não sairiam daqui
                  vivos sem nos prestar o serviço. Por essa mesma razão, seremos obrigados
                  a cortar-lhes o pescoço se a menina não for lá em cima procurar no livro a
                  fórmula mágica. Como estão vendo, é uma questão à-toa. Espero que não
                  se ofendam.

                         – Não vejo as suas armas – disse Ripchip. – Também são invisíveis?
                         Mal tinha acabado de pronunciar estas palavras, quando ouviram um
                  zunido; numa das árvores cravou-se, vibrando, uma lança.

                         – É uma lança, é uma lança – disse a voz do chefe.
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