Page 508 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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A relva era viçosa e salpicada pelo que Edmundo e Lúcia pensaram
ser urzes. Eustáquio, que sabia de fato um pouco de botânica, disse que não
(e provavelmente ele tinha razão); mas era alguma planta da mesma
espécie.
Haviam andado menos do que um tiro de flecha da praia, quando
Drinian perguntou:
– Que é aquilo?
Pararam todos.
– Arvores grandes – disse Caspian.
– Acho que são torres – disse Eustáquio.
– Podem ser gigantes – murmurou Edmundo.
– A melhor maneira de saber é ir ao encontro deles – disse Ripchip,
puxando a espada e passando à frente de todos.
– Acho que são ruínas – disse Lúcia, quando se aproximaram um
pouco mais.
A suposição da menina era a mais acertada. Viam agora um grande
espaço, lajeado com pedras macias, rodeado de colunas cinzentas, mas sem
telhado. Dos dois lados havia cadeiras de pedra ricamente esculpidas, com
almofadas de seda nos assentos. Na mesa estava um banquete como nunca
se viu, nem mesmo quando Pedro, o Grande Rei, tinha corte em Cair
Paravel.
Faisões, gansos, pavões, cabeças de javali, carne de veado, empadas
com forma de barco ou de dragões e elefantes, lagostas lustrosas, pudins
gelados, salmão resplandecente, nozes e uvas, ananases, pêssegos, romãs,
melões e tomates.
Havia jarros de prata e ouro, curiosamente trabalhados, e o perfume
da fruta e do vinho caía sobre eles como uma promessa de felicidade.
– Puxa vida! – exclamou Lúcia.
Aproximaram-se mais, devagarinho.
– E os comensais? – perguntou Eustáquio.
– Podemos providenciar isto, senhor – falou Rince.
– Olhem! – disse Edmundo, abruptamente. Estavam agora dentro das
colunas, sobre o pavimento de pedra.
As cadeiras não estavam vazias, pelo menos nem todas. Na cabeceira
e nos dois lugares seguintes havia qualquer coisa – ou, mais exatamente,
três coisas.