Page 517 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– No nosso mundo – disse o judicioso Eustáquio – uma estrela é uma
enorme bola de gás inflamável.
– No nosso também, meu filho, mas isso é de que uma estrela é feita,
não o que ela é. Neste mundo vocês encontraram uma estrela, pois, creio, já
estiveram com Coriakin.
– Ele também é uma estrela aposentada? – perguntou Lúcia.
– Bem, não exatamente – respondeu Ramandu.
– Não foi para descansar que lhe deram o governo dos Tontos. Pode-
se até dizer que foi por castigo. Poderia ter brilhado mais milhares de anos
se as coisas tivessem corrido bem.
– Que foi que ele fez, senhor? – perguntou Caspian.
– Meu filho, não é permitido, a um filho de Adão, tomar
conhecimento das faltas cometidas por uma estrela. Mas estamos perdendo
tempo.
Estão decididos? Querem navegar mais para leste e voltar deixando
lá um dos seus, e assim quebrar o encanto? Ou preferem o oeste?
– Não há a menor dúvida, senhor – disse Ripi-chip. – Não há o que
discutir! Faz parte fundamental da nossa missão libertar esses três fidalgos.
– Também acho o mesmo – falou Caspian. – E, mesmo que não fosse
por isso, eu ficaria muito triste de não ir com o Peregrino até o Fim do
Mundo. Mas tenho de pensar na tripulação. Foi contratada para encontrar
os três fidalgos, não para chegar ao fim da Terra. Se partimos daqui na
direção leste, vamos ao encontro do ponto mais oriental que existe. E não
sabemos quanto tempo levaremos para chegar. São valentes, mas alguns
deles já estão desejosos de embicar a proa no caminho de Nárnia. Não me
parece que possa levá-los mais longe sem consultá-los. Além disso, temos
o pobre lorde Rupe. Está tão fraco!
Ramandu interveio:
– Meu filho! Mesmo que quisesse, não poderia navegar para leste
com homens levados de má vontade ou ludibriados. Não é assim que
conseguimos desfazer os grandes encantamentos. Têm de saber para onde
vão e por quê. Mas quem é o homem doente?
Caspian contou a história de Rupe. Ramandu disse:
– Posso dar a ele aquilo de que mais precisa.