Page 518 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Nesta ilha há um sono sem limite, e quem o dormir não terá a mais
                  leve sombra de um sonho. É só ele sentar-se com os outros três e ficar no
                  esquecimento até a volta de vocês.

                         Lúcia achou ótima a idéia.

                         Drinian e o resto da tripulação aproximaram-se. Pararam surpresos
                  quando  avistaram  Ramandu  e  a  jovem,  mas  tiraram  logo  os  chapéus,
                  adivinhando  grandes  personalidades.  Alguns  marinheiros  olharam  com
                  desgosto os pratos e jarros vazios.

                         –  Queira  mandar  dois  homens  ao  Peregrino  com  uma  mensagem
                  para lorde  Rupe  – disse o  rei a  Drinian. –  Diga-lhe  que os  seus  últimos
                  companheiros estão aqui adormecidos num sono sem sonhos, do qual ele
                  poderá participar.
                         Cumprida  essa  missão,  Caspian  pediu  a  todos  que  se  sentassem  e
                  expôs a situação. Quando acabou de falar, houve grande silêncio; depois,
                  conversas em voz baixa; por fim o arqueiro-mor se levantou e disse:

                         –  Já  há  muito  tempo  estávamos  para  perguntar  a  Sua  Majestade
                  como  havemos  de  voltar,  daqui  ou  de  outro  lugar  qualquer.  Temos  tido
                  sempre  vento  oeste  e  noroeste,  tirando  algumas  calmarias  ocasionais.  Se
                  isto  não  mudar,  gostaria  de  saber  que  esperança  temos  de  voltar  para
                  Nárnia. Acho que as provisões não chegarão para navegarmos este tempo
                  todo.

                         – Conversa de homem de terra! – resmungou Drinian. – Ora, nestes
                  mares  há  sempre  vento  oeste  durante  todo  o  fim  do  verão,  mas  muda
                  sempre  depois  do  Ano-Novo.  Havemos  de  ter  muito  vento  para  navegar
                  para o Ocidente, talvez mais do que precisaremos.

                         –  Isso  é  verdade  – disse  um  velho  marujo,  natural  de  Gala.  –  Em
                  janeiro e fevereiro já sopra um terrível vento de leste. Com a sua licença, se
                  eu  estivesse  no  comando  do  navio  ficaria  aqui  o  inverno  todo  e  só
                  retomaria a viagem em março.

                         – E iriam comer o quê? – perguntou Eustáquio.
                         –  Esta  mesa  –  respondeu  Ramandu  –  enche-se  todos  os  dias,  ao
                  entardecer, com um banquete digno de um rei.

                         –  Agora  sim  a  conversa  está  ficando  boa!  –  exclamaram  alguns
                  marinheiros.

                         – Majestades, meus senhores e minhas senhoras – começou Rinelfo –
                  ,  gostaria  apenas  de  lembrar  uma  coisa:  ninguém  veio  obrigado  a  esta
                  viagem. Viemos todos por livre e espontânea vontade. Muitos, que estão
                  agora olhando para esta mesa como doidos, proclamavam em voz bem alta,
                  no  dia  da  partida,  em  Cair  Paravel,  que  haveriam  de  correr  as  mais
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