Page 592 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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palavras: DEBAIXO DE MIM. Aí, o sonho desapareceu. Acordou bem
tarde na manhã seguinte e já não se lembrava mais do que sonhara.
Já havia tomado a primeira refeição quando a ama abriu a porta e
anunciou:
– Aqui estão os amiguinhos para brincar com a bonequinha.
Entraram Eustáquio e o paulama.
– Bom dia — disse Jill. — Dormi umas quinze horas. Estou me
sentindo muito melhor, e vocês?
– Eu também – respondeu Eustáquio –, mas Brejeiro queixou-se de
dor de cabeça. Ei, sua janela tem um banco para olhar a vista... Se subirmos
nele poderemos dar uma olhada lá fora.
E foi o que fizeram. Ao deparar com aquela visão, Jill exclamou:
– Ai, que coisa assustadora!
O sol brilhava e a neve tinha sido quase completamente lavada pela
chuva. Embaixo, estendida feito um mapa, estava a chapada que tinham
percorrido com tanta dificuldade na véspera. Vista do castelo, não podia
haver dúvida de que se tratava das ruínas de uma cidade gigantesca.
Parecera lisa porque ainda conservava um pouco da velha pavimentação.
As bordas laterais eram o que sobrava das paredes de imensos edifícios,
certamente palácios e templos no passado. Um pedaço de parede, com mais
de cento e cinqüenta metros de altura, ainda permanecia em pé; era o que
tinham tomado por um penhasco. O que parecera chaminés de fábricas
eram colunas enormes, partidas em diferentes alturas; os fragmentos jaziam
perto das bases como monstruosas árvores tombadas. Os rebordos que
tinham galgado no lado norte da colina eram os restos dos degraus de uma
escada de gigantes. Para completar, em letras grandes e escuras ao longo da
pavimentação, estavam escritas estas palavras: DEBAIXO DE MIM.
Os três entreolharam-se desapontados. Depois de dar um assovio
curto, Eustáquio disse o que todos estavam pensando:
– Segundo e terceiro sinais pifados.
Foi então que, de repente, Jill se lembrou do sonho. E disse,
desesperada:
– A culpa é minha... Parei de repetir os sinais na hora de dormir. Se
tivesse prestado atenção a eles, teria visto logo que isso aí era uma cidade,
mesmo com aquela neve toda.
– Pois eu sou pior ainda – disse Brejeiro. – Eu vi que era... ou
quase... Parecia mesmo uma cidade em ruínas.