Page 597 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                           UMA DESCOBERTA QUE VALEU A PENA






                         Os  outros  concordaram  mais  tarde  que  Jill  tinha  sido  mesmo
                  maravilhosa naquele dia. Assim que o rei e os outros caçadores partiram,
                  ela  começou  a  fazer  uma  visita  “turística”  pelo  castelo,  indagando  tudo,
                  mas de um jeito tão inocente e criançola que ninguém poderia suspeitar de
                  uma intenção secreta. Apesar de falar sem parar, não se deve afirmar que
                  conversava: tagarelava e ria infantilmente. Fez agradinhos a todo mundo:
                  lacaios, porteiros, mucamas, damas de honra, velhos lordes gigantes que já
                  não  caçavam  mais.  Agüentou  os  beijos  e  os  agarros  de  várias  gigantas,
                  muitas das quais, parecendo sentir pena dela, suspiravam “coitadinha”, sem
                  no entanto explicar o porquê. Ficou especialmente amiga do mestre-cuca e
                  descobriu o fato importantíssimo de que havia uma porta dando da copa
                  para  fora  do  castelo;  não  era  preciso  atravessar  o  pátio  ou  passar  pelo
                  grande portão de entrada.

                         Na cozinha bancou a gulosa, comendo todos os beliscos e raspas que
                  o cuca e os ajudantes lhe ofereciam com satisfação. Lá em cima, entre as
                  damas,  perguntava  sobre  que  roupa  usar  na  grande  festa,  até  que  hora
                  poderia  ficar,  se  devia  dançar  com  algum  gigante  pequenininho.  Depois
                  (ficava  vermelhinha  quando  se  lembrava  disso  mais  tarde),  inclinava  a
                  cabeça para um lado, toda boboca (os adultos, gigantes ou não, acham isso
                  muito  engraçadinho),  e,  enrolando  os  cachinhos  e  fazendo  um  trejeito,
                  perguntava: “Ah, eu queria tanto que a festa fosse amanhã mesmo; você
                  não? Vai demorar muito para chegar?” E as gigantas todas achavam isso
                  um amor; algumas tapavam os olhos com o lenço como se fossem chorar.

                         – Eles são uma gracinha, nessa idade – disse uma giganta para outra.
                  – Chega a ser uma pena...
                         Eustáquio e Brejeiro também se esforçaram muito, mas a verdade é
                  que  as  meninas  fazem  esse  tipo  de  representação  muito  melhor  que  os
                  meninos. E os meninos ainda fazem melhor que os paulamas.

                         Na hora do almoço aconteceu uma coisa que os deixou ainda mais
                  ansiosos  para  dar  o  fora.  Almoçaram  no  grande  salão  numa  mesinha
                  especial, perto da lareira. Numa mesa enorme, um pouco adiante, comiam
                  também  uns  seis  gigantes.  A  conversa  deles  era  tão  barulhenta  que  as
                  crianças deixaram de prestar atenção ao que diziam, do mesmo modo que a
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