Page 604 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                         – Quem está aí? – bradaram os três.

                         –  Sou  o  guardião  do  Submundo  e  comigo  estão  armados  cem
                  terrícolas – foi a resposta. – Digam logo: quem são vocês e qual a missão
                  que os traz ao Reino Profundo?

                         – Caímos aqui sem querer – disse Brejeiro, com toda a sinceridade.
                         – Muitos caem e poucos retornam às terras ensolaradas – replicou a
                  voz. – Preparem-se: irão comigo à rainha do Reino Profundo.

                         – Ela deseja alguma coisa de nós? – perguntou Eustáquio, cauteloso.

                         –  Não  sei  –  respondeu  a  voz.  –  A  ela  não  fazemos  perguntas:
                  obedecemos.

                         Enquanto dizia essas palavras, ouviu-se o barulho de uma pequena
                  explosão, e uma luz fria, cinzenta e um tanto azulada invadiu a caverna. A
                  esperança  de  que  o  porta-voz  estivesse  só  contando  vantagem  a  respeito
                  dos  cem  homens  armados  morreu  no  momento.  Jill  viu-se  de  olhos
                  pregados  numa  multidão  compacta.  Eram  de  todos  os  tamanhos,  desde
                  pequenos gnomos que mal chegavam a trinta centímetros de altura a figuras
                  imponentes, mais altas que um homem. Todos carregavam forcados e eram
                  horrendamente  pálidos  e  imóveis  quais  estátuas.  Afora  isso  eram  todos
                  diferentes: alguns tinham rabo, outros não; alguns usavam grandes barbas;
                  outros  tinham  o  rosto  redondo  e  liso,  grande  como  uma  abóbora.  Havia
                  narizes compridos e pontudos, narizes moles e compridos como pequenas
                  trombas e narigões embolotados. Vários deles tinham um chifre no meio da
                  testa. Mas, sob um aspecto, eram todos parecidos: ninguém seria capaz de
                  imaginar  expressões  tão  tristes.  Eram  tão  tristes  que,  depois  do  primeiro
                  susto, Jill quase se esqueceu de ter medo deles. Sentia até certa vontade ou
                  obrigação de animá-los um pouco.

                         – Bem! – interveio Brejeiro, esfregando as mãos. – É disso que estou
                  precisando. Se esses caras não me ensinarem a levar a vida a sério, não sei
                  quem  seria  capaz  disso.  Olhem  só  aquele  ali  com  bigode  de  foca...  ou
                  aquele outro...
                         – Sentido! – comandou o chefe dos terrícolas. Não havia mais nada a
                  fazer.  Os  três viajantes perfilaram-se  e  tocaram-se  nas  mãos. Precisamos
                  encontrar  uma  mão  amiga  num  momento  como  esse.  Os  terrícolas
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