Page 605 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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cercaram-nos, pisando com pés grandes e moles; alguns pés tinham dez
dedos, outros doze, outros nenhum.
– Marchem – comandou o guardião. E eles marcharam.
A luz fria vinha de uma grande bola na ponta de um varapau,
conduzido à frente do batalhão pelo mais alto dos gnomos. Sob essa luz
nada estimulante, puderam reparar que se encontravam numa gruta natural,
cujas paredes e teto se retorciam em mil formas fantásticas.
O chão pedrento ia descendo à medida que avançavam.
Era pior para Jill que para os outros: ela tinha horror a escuridão e a
grutas. Então, quando a caverna ficou mais baixa e mais estreita, e o porta-
luz colocou-se de lado, enquanto os anões agachavam-se (todos, menos os
menorzinhos) e desapareciam numa pequena fenda escura, ela sentiu que
não ia agüentar mais.
– Não posso entrar aí! Não posso! Não posso! Não entro! – gritou.
Os terrícolas nada disseram, só apontaram as lanças para ela.
– Agüente firme, Jill – falou o paulama. – Esses caras maiores não
iam entrar nesse buraco se ele não se alargasse mais adiante. E há uma
vantagem nessa coisa de subterrâneo: chuva não teremos.
– Oh, você não entende; eu não posso.
– Lembre-se do que eu senti naquele penhasco, Jill – falou
Eustáquio. – Você vai na frente, Brejeiro, e eu vou atrás dela.
– Perfeito – respondeu o paulama, pondo-se de joelhos e mãos no
chão. – Você toca em meus calcanhares, Jill, e Eustáquio toca nos seus.
Assim nos sentiremos mais seguros.
– Seguros! – exclamou Jill entrando afinal na fenda.
Que lugar mais repugnante! Foi preciso quase arrastar o rosto no
chão por um tempo que pareceu meia hora, embora não tivesse sido de fato
mais do que cinco minutos. E como era quente ali; Jill sentiu-se sufocada.
Por fim uma luzinha apareceu à frente; o túnel foi ficando mais largo e
mais alto e eles chegaram, sujos e avermelhados, a uma caverna tão vasta
que nem parecia uma caverna.
Era banhada por uma luminosidade vaga e modorrenta; já não
precisavam da estranha lanterna dos terrícolas. O chão, com uma espécie de
musgo, era macio, e dele cresciam muitas formas estranhas, altas e cheias
de ramos como as árvores, mas com a consistência de cogumelos. A luz,
cinza-esverdeada, parecia irradiar dessas formas e do musgo, e não dava
para iluminar o teto da gruta, que devia estar muito lá no alto. Seguiam