Page 645 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Não há quem faça esse tipo de trabalho melhor do que anões e
toupeiras. Para estes aquilo nem é trabalho, pois adoram cavar. Não
demoraram, portanto, a abrir na colina uma grande brecha. O primeiro a
emergir do escuro para a luz da lua foi o paulama; depois, puxando os
cavalos, Rilian, o príncipe em pessoa.
Quando saiu Brejeiro, brados surgiram de todos os lados:
– Ei, um paulama... Não é o velho Brejeiro? Aquele Brejeiro da outra
banda... Que aconteceu, Brejeiro?... Estão buscando você por toda a parte...
Trumpkin espalhou por aí avisos, prometendo uma recompensa...
Mas ficou tudo em absoluto silêncio de repente – como acontece no
dormitório do colégio quando o chefe de disciplina abre a porta. Pois
tinham visto o príncipe.
Não duvidaram de quem era ele nem por um momento.
Muitos bichos, muitas dríades e muitos faunos ainda se lembravam
dele nos velhos tempos. Os mais velhos até se recordavam de que seu pai, o
rei Caspian, quando jovem, era a cara do filho.
Apesar de pálido, depois do longo cativeiro nas Terras Profundas,
vestido de preto, empoeirado e cansado, havia no seu rosto alguma coisa
que não enganaria ninguém. Essa coisa existia no rosto de todos os
verdadeiros reis de Nárnia, que governam em nome de Aslam, coroados em
Cair Paravel, no mesmo trono de Pedro, o Grande Rei.
Todas as cabeças se descobriram, todos os joelhos se curvaram.
Logo depois, vieram os vivas, e os gritos, e pulos de alegria, e apertos de
mão, e abraços, e beijos. Lágrimas emocionadas correram dos olhos de Jill.
A peregrinação, apesar de suas durezas e perigos, valera a pena.
– Por favor, Alteza, há uma ceia preparada naquela caverna para
depois da dança...
– Com muito prazer – disse o príncipe; e na verdade os quatro
amigos tinham um apetite imbatível naquela noite.
A multidão começou a caminhar para a caverna sob as árvores. Jill
conseguiu ouvir Brejeiro dizer para os que o rodeavam:
– Não, não, a minha história pode esperar. Não há o menor interesse
no que aconteceu comigo. Eu, sim, quero saber de notícias. E de uma vez!
O navio do rei naufragou? Há guerra com os calormanos? Apareceram os
dragões? – Todos caíram na risada, comentando:
– É ainda o mesmo Brejeiro! Não mudou nem um pouco!
As crianças estavam caindo de fome e cansaço, mas reviveram com
o calor da gruta, com a beleza do clarão da lareira, que iluminava as