Page 708 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– T-t-tudo b-bem... – respondeu ela, tirando as mãos do rosto e
tentando sorrir. – Agora estou bem. Só fiquei um pouquinho tonta por uns
instantes.
– É, pelo visto, o tal de Tash existe mesmo –disse o unicórnio.
– É – disse o anão. – E aquele tolo do macaco, que não acreditava em
Tash, vai ter bem mais do que ele imaginava. Chamou o demônio, aí está
ele!
– Para onde terá ido ele... aquilo... a coisa? – gaguejou Jill.
– Para o Norte, para o centro de Nárnia – respondeu Tirian. – Ele
veio para ficar. Chamaram-no e ele veio mesmo.
– Bem feito! – disse o anão, dando uma risadinha e esfregando as
mãos peludas. – O macaco vai ter uma bela surpresa. Ninguém deve
chamar o demônio sem saber o que está fazendo.
– Será que Tash vai se tornar visível para o macaco? – indagou
Precioso.
– Para onde foi Confuso? – perguntou Eustáquio. Todo mundo
começou a gritar por ele e Jill saiu caminhando em volta da torre para ver
se o encontrava do outro lado. Já estavam cansados de procurá-lo quando
viram sua cabeçorra cinzenta aparecer cuidadosamente para fora da porta,
dizendo:
– Cadê ele? Já foi embora?
Quando finalmente conseguiram convencê-lo a sair, ele tremia como
vara verde.
– Agora percebo como fui um jumento ruim –disse Confuso. –
Nunca deveria ter dado ouvidos a Manhoso. Jamais pensei que essas coisas
pudessem acontecer.
– Se você tivesse passado menos tempo dizendo que não era esperto
e mais tempo tentando ser esperto... – começou Eustáquio, mas Jill o
interrompeu:
– Deixe o pobre Confuso em paz! Foi tudo um engano, não foi,
Confuso? – E beijou-lhe o focinho.
Apesar de muito abalados pelo que tinham acabado de ver, todos
sentaram-se novamente e reiniciaram a conversa.
Precioso tinha muito pouco a lhes contar. Enquanto prisioneiro,
passara quase todo o tempo amarrado nos fundos do estábulo e,
naturalmente, nada ouvira dos planos do inimigo. Tinha recebido chutes e
pancadas (e, é claro, dado uns bons coices também) e fora ameaçado de
morte, caso não dissesse que acreditava ser Aslam quem tinha sido