Page 712 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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O  rei,  Eustáquio  e  o  anão  olhavam  pasmados  para  o  céu.  Jill
                  arrepiou-se toda, lembrando-se das coisas horrorosas que já tinham visto.
                  Mas desta vez não era nada disso. Era uma coisa pequena e escura que se
                  recortava contra o céu azul.

                         – Pelo vôo, posso até jurar que é uma ave falante – disse o unicórnio.

                         –  Também  acho  –  disse  o  rei.  –  Mas  será  amigo  ou  espião  do
                  macaco?

                         – Para mim, senhor – disse o anão –, parece ser a águia Sagaz.
                         – Não será melhor a gente se esconder entre as árvores? – perguntou
                  Eustáquio.

                         – Nada disso – disse Tirian. – O melhor é ficarmos parados como
                  estátuas. Se nos mexermos, é certo que nos verá.

                         – Vejam! – exclamou Precioso. – Está voando em círculos. Agora já
                  nos viu e está vindo para cá.

                         – Apronte a flecha, senhorita – ordenou Tirian a Jill – Mas não atire
                  em hipótese alguma, a não ser que eu ordene. Pode ser um amigo.

                         Se  soubessem  o  que  iria  acontecer,  teriam  desfrutado  de  um
                  espetáculo  belíssimo:  a  enorme  ave  planava,  suavemente,  com  extrema
                  graça  e  beleza,  descendo  ao  seu  encontro.  Pousou  num  rochedo  a  uns
                  poucos metros de Tirían, fez uma reverência com a cabeça emplumada e
                  depois falou, na sua estranha voz de águia:
                         – Salve, ó rei!

                         – Salve, Sagaz! – respondeu Tirian. – Já que me chama de rei, devo
                  acreditar que não é um dos seguidores do macaco e de seu falso Aslam.
                  Estou realmente contente com a sua vinda.

                         – Senhor – disse a águia –, depois de ouvir o que tenho a dizer, ficará
                  mais triste com a minha vinda do que com a maior calamidade que já lhe
                  sobreveio.

                         Ao ouvir essas palavras, Tirian sentiu como se o seu coração parasse
                  de bater. Tentou, porém, manter a calma:
                         – Vamos, fale! – disse ele.

                         – Duas coisas eu acabo de ver – falou Sagaz. –A primeira foi Cair
                  Paravel cheia de narnianos mortos e de calormanos vivos. O estandarte do
                  Tisroc avançou contra as suas reais muralhas, senhor, e vi os seus súditos
                  fugindo da cidade para todos os lados, rumo às florestas. Cair Paravel foi
                  tomada  pelo  mar.  Vinte  grandes  navios  calormanos  ali  aportaram  na
                  escuridão da noite, dois dias atrás.
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