Page 766 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Assim, aceleraram o passo, cada vez mais depressa, a tal ponto que
mais pareciam estar voando que correndo; nem mesmo a águia, que os
sobrevoava, parecia estar indo mais rápido que eles. E passaram por vales
sinuosos, um após o outro, escalaram encostas escarpadas de enormes
precipícios e, cada vez mais velozes, desceram pelo outro lado, seguindo o
rio e às vezes atravessando-o. Deslizaram por lagos sobre as montanhas
como lanchas-voadoras, até que, finalmente, na extremidade mais distante
de um lago cujas águas pareciam turquesa, chegaram a uma montanha
verde e plana. Seus lados eram tão íngremes quanto os lados de uma
pirâmide, e bem no topo, e ao redor dele, havia uma muralha verde. Acima
da muralha, erguiam-se galhos de árvores cujas folhas pareciam de prata e
os frutos, de ouro.
– Continuem avançando! Continuem subindo! – bradou mais uma
vez o unicórnio.
Todos se precipitaram para o pé da montanha e então se viram
disparando montanha acima, quase como as águas de uma onda que rebenta
contra uma rocha na beira da praia. Embora o declive fosse tão íngreme
quanto a parede de uma casa, e a grama tão lisa quanto uma pista de
boliche, ninguém escorregava. Somente depois de atingir o topo da
montanha é que diminuíram a velocidade – e isso só porque deram de cara
com uns enormes portões de ouro. Por uns momentos, nenhum deles foi
suficientemente corajoso para testar os portões e ver se abriam ou não.
Todos tinham a mesma sensação que haviam experimentado quanto às
frutas: “Será que ousamos, ou não? É certo fazer isso? Será que podemos
entrar?”
Mas enquanto hesitavam, em pé, ouviu-se o som de uma grande
trombeta, maravilhosamente alto e doce, vindo de alguma parte lá de dentro
do jardim cercado de muros. Então os portões se escancararam.
Tirian ficou parado, com a respiração presa, imaginando quem iria
aparecer. E o que apareceu foi a coisa que ele menos esperava: um
pequenino e lustroso rato falante, de olhos brilhantes, trazendo um diadema
com pluma vermelha na cabeça e a pata esquerda levemente pousada sobre
o punho de uma comprida espada. O rato inclinou-se, numa graciosa
reverência, e disse na sua vozinha estridente:
– Bem-vindos, em nome do Leão! Continuem avançando!
Continuem subindo!
Então Tirian viu o rei Pedro, o rei Edmundo e a rainha Lúcia
colocarem-se imediatamente de joelhos e saudarem o rato, todos
exclamando: “Ripchip!” A surpresa foi tamanha que o coração de Tirian
disparou, quase sem poder respirar, pois ele se deu conta de que ali, à sua
frente, estava um dos grandes heróis de Nárnia: Ripchip, o Rato, que lutara