Page 761 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Mas não é como o país de Aslam lá no topo daquela montanha,
                  além do extremo oriental – disse Jill. – Lá eu já estive.

                         – Se querem saber – disse Edmundo –, isto aqui lembra algum lugar
                  de  Nárnia.  Vejam  aquelas  montanhas  ali  na  frente.  E  aquelas  outras,
                  enormes  e  cobertas  de  gelo,  lá  mais  adiante.  Não  se  parecem  com  as
                  montanhas que se viam lá de Nárnia, aquelas que ficavam para o lado do
                  Ocidente, depois da cachoeira?

                         – É, parecem mesmo – concordou Pedro. – Só que estas são maiores.

                         – Aquelas ali eu não acho parecidas com coisa alguma de Nárnia –
                  disse Lúcia. – Mas olhem acolá! (Ela apontou para o Sul, à esquerda deles;
                  todos  pararam  e  viraram-se  para  olhar.)  Aquelas  colinas,  lá,  cobertas  de
                  florestas, e aquelas azuis, lá atrás... Não são iguaizinhas às da extremidade
                  sul de Nárnia?
                         –  I-guai-zi-nhas!  –  exclamou  Edmundo,  após  um  momento  de
                  silêncio. – Puxa, são exatamente iguais! Vejam! Lá está o Monte Piro, com
                  seu cume bifurcado, e depois o desfiladeiro que vai dar na Arquelândia e
                  tudo o mais.

                         –  E  ainda  assim  não  é  a  mesma  coisa  –  disse  Lúcia.  –  É  tudo
                  diferente. Tudo é muito mais cheio de cores e parece muito mais longe do
                  que eu recordava, e os montes são mais... mais... Oh! Não sei explicar!

                         – Muito mais reais – opinou Lorde Digory, baixinho.

                         De repente, Sagaz abriu as asas e saiu voando. Planou no ar a uns
                  dez ou doze metros de altura, voou em círculos e depois pousou no chão
                  novamente.

                         –  Reis  e  rainhas  –  exclamou  –,  estávamos  todos  cegos!  Estamos
                  apenas começando a perceber onde nos encontramos. De lá de cima dá para
                  enxergar tudo: o Espelho d’Água, o Dique dos Castores, o Grande Rio, e
                  Cair Paravel ainda resplandecendo às margens do Mar Oriental. Nárnia não
                  morreu. Isto aqui é Nárnia!
                         – Mas como? ! – disse Pedro. – Aslam disse que nós, os mais velhos,
                  nunca mais regressaríamos a Nárnia; e aqui estamos nós!

                         – Isso mesmo – concordou Eustáquio. – E vimos tudo ser destruído e
                  o sol se apagar.

                         – E tudo é tão diferente! – acrescentou Lúcia.

                         – A águia tem razão – disse Lorde Digory. – Ouça, Pedro. Quando
                  Aslam disse que vocês nunca mais poderiam voltar a Nárnia, ele se referia
                  à  Nárnia  em  que  vocês  estavam  pensando.  Aquela,  porém,  não  era  a
                  verdadeira Nárnia. Ela teve um começo e um fim. Era apenas uma sombra,
                  uma cópia da verdadeira Nárnia que sempre existiu e sempre existirá aqui,
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