Page 760 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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exclamaram ao mesmo tempo: “É o velho Confuso!” Eles nunca o haviam
                  visto à luz do dia, sem a pele de leão, e isso fazia uma grande diferença.
                  Agora era ele mesmo: um bonito jumento de pêlo tão cinzento e macio, e
                  com uma expressão tão honesta e bondosa, que se você o tivesse visto teria
                  feito exatamente o que Lúcia e Jill fizeram: saíram correndo ao encontro
                  dele e lançaram os braços em volta de seu pescoço, beijando-lhe o focinho
                  e afagando-lhe as orelhas.

                         Quando  perguntaram  por  onde  tinha  andado,  Confuso  disse  que
                  havia entrado pela porta junto com todas as criaturas, mas que... Bem, para
                  dizer  a  verdade,  vinha  evitando  encontrá-los  o  máximo  possível,  e
                  especialmente evitando encontrar Aslam. A visão do verdadeiro Aslam o
                  deixara com tanta vergonha de toda aquela bobagem de se vestir com uma
                  pele de leão, que ele nem sabia onde meter a cara. Mas, ao ver todos os
                  seus  amigos  seguirem  rumo  ao  Ocidente,  pegou  umas  boas  bocadas  de
                  capim (“Nunca provei capim tão gostoso em toda a minha vida!”, declarou
                  Confuso), encheu-se de coragem e decidiu acompanhá-los.

                         – Agora, o que vou fazer se tiver mesmo que encontrar Aslam, isso
                  eu garanto que não sei... – acrescentou.

                         –  Quando  o  encontrar  vai  estar  tudo  bem,  você  vai  ver  –  disse  a
                  rainha Lúcia.
                         Então seguiram todos juntos, sempre para o Oeste, pois esta parecia
                  ser  a  direção  indicada  por  Aslam  quando  ele  gritou:  “Continuem
                  avançando! Continuem subindo!”

                         Havia  muitas  outras  criaturas  movendo-se  na  mesma  direção.  No
                  entanto,  como  aquela  terra  era  um  imenso  gramado,  não  havia
                  aglomerações. Parecia ser ainda muito cedo e sentia-se no ar a frescura da
                  manhã. De vez em quando paravam para olhar ao redor ou então para trás –
                  em  parte  porque  tudo  era  incrivelmente  lindo,  mas  em  parte  também
                  porque havia ali alguma coisa que não conseguiam compreender.

                         – Pedro – disse Lúcia –, que lugar é este? Você tem alguma idéia?

                         – Não sei – respondeu o Grande Rei. – Ele me faz lembrar alguma
                  coisa, mas não consigo saber o quê. Não seria algum lugar onde estivemos
                  de férias alguma vez, quando éramos bem pequenos?

                         – Se foi, deve ter sido um feriado muito agradável – disse Eustáquio.
                  – Aposto que, no nosso mundo, não existe um lugar como este. Vejam só
                  que cores! No nosso mundo não dá nem para imaginar um azul igual ao
                  azul daquelas montanhas.
                         – Será que não é o “país de Aslam? – disse Tirian.
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