Page 81 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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maiores que asas de cisnes, de águias, maiores que asas de anjos nos vitrais
das igrejas. As penas eram castanhas e acobreadas. Pluma deu um grande
salto e subiu. Dez metros acima, bufou, relinchou e curveteou. Depois de
dar uma volta em círculo, pousou na terra, as quatro patas de uma vez,
parecendo muito espantado, mas muito contente.
– Gostou, Pluma? – perguntou Aslam. – Bom, muito bom, Aslam.
– Levaria este Filho de Adão nas costas às montanhas de que falei?
– Agora? Imediatamente? – perguntou Morango... ou Pluma. – Ora
essa! Venha, pequeno. Já tive coisas como você nas minhas costas. Há
muito, muito tempo. Quando havia pastos verdes, e açúcar.
– Que estão as duas Filhas de Eva cochichando aí? – perguntou
Aslam, voltando-se subitamente para Polly e para a mulher do cocheiro,
que ia eram muito amigas.
– Se o senhor permite – disse a rainha Helena (assim se chamava
agora a mulher do cocheiro) –, acho que a menina adoraria ir também, se
não criar problema.
– O que acha, Pluma? – indagou o Leão.
– Oh, não me importo de levar dois, quando são pequeninos. Só
espero que o elefante também não queira ir conosco.
Não era essa a vontade do elefante, e o novo rei de Nárnia ajudou as
duas crianças a montar, quer dizer, deu um bom impulso em Digory e
colocou Polly na garupa com toda a delicadeza, como se fosse feita de
porcelana.
– Tudo certo, Morango... quer dizer, Pluma.
– Não voe alto demais – advertiu Aslam. – Não
tente passar por cima dos cumes das montanhas geladas. Busque os
vales verdes. Sempre há um modo de atravessar a cordilheira. Partam com
a minha bênção.
– Oh, Pluma! – exclamou Digory, inclinando-se para dar um tapinha
carinhoso no pescoço lustroso do cavalo. – Que coisa fabulosa! Segure
firme em mim, Polly.
No instante seguinte, a terra começou a distanciar-se deles, enquanto
Pluma, como um imenso pombo, circulava duas vezes para tomar altura,
antes de partir em vôo direto para o oeste. Polly mal podia enxergar lá
embaixo o rei e a rainha; o próprio Aslam não passava de uma mancha
brilhante na relva verde. O vento golpeava-lhes o rosto, e as asas de Pluma
começaram a bater cadenciadamente.