Page 84 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Digory acabou achando que o melhor a fazer era o seguinte: Polly
usaria o anel para ir até em casa e traria de lá alguma coisa. Ele não podia,
pois prometera a Aslam desincumbir-se da missão. Polly respondeu que
não o deixaria, e Digory concordou que era uma atitude muito digna da
parte dela.
– Ah, acabei de lembrar que ainda tenho aquele saco de puxa-puxas
no bolso. É melhor do que nada.
– Muito melhor! Mas tenha cuidado: não vá tocar no anel.
Foi uma tarefa difícil e delicada, mas acabaram conseguindo realizá-
la. O saco de papel estava todo grudento: era mais difícil tirar o saco de
papel dos puxa-puxas do que tirar os puxa-puxas do saco de papel. Certos
adultos preferem não comer nada a comer puxa-puxas como aqueles.
Eram nove ao todo. Digory teve a brilhante idéia de comerem quatro
cada um e plantar o nono.
– Se a barra de ferro virou poste, por que isso não pode virar um pé
de puxa-puxa?
Fizeram uma pequena cova na relva e enterraram um pedaço do
puxa-puxa. Comeram então os outros, o mais lentamente que a fome lhes
permitia. Foi uma refeição pobre, mesmo contando todo o papel que
tiveram de engolir.
Pluma deitou-se após terminar seu excelente jantar. Os meninos
estenderam-se de encontro a seu corpo quente, um de cada lado, e ficaram
bem agasalhados sob suas asas. As estrelas jovens do
novo mundo iam surgindo enquanto eles conversavam sobre tudo o
que acontecera. Digory contou sobre as suas esperanças de obter algo para
a sua mãe e como, em vez disso, fora enviado àquela missão... Repetiram
um para o outro todos os sinais pelos quais reconheceriam o local que
buscavam: o lago azul e a colina com o jardim. A conversa já começava a
esfriar, quando Polly subitamente se sentou, completamente acordada, e
disse: “Quieto!”
Todos ficaram atentos.
– Deve ser o vento nas árvores – disse Digory. – Não tenho certeza –
disse Pluma. – Ouçam de novo. Por Aslam, é alguma coisa.
O cavalo levantou-se nas patas com uma barulhada convulsa. As
crianças também puseram-se de pé. Pluma andou para cá e para lá, bufando
e relinchando. Os outros dois, nas pontas dos pés, olharam atrás de todas as
moitas e árvores. Começaram a pensar que haviam imaginado coisas. Polly
chegou a ter certeza de ter visto uma forma alta e escura, deslizando
depressa no sentido oeste. Nada descobriram. Pluma deitou-se de novo e