Page 87 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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como se viesse das mais gostosas frutas e das mais belas flores do mundo,
chegava até eles, proveniente de algum lugar mais adiante.
– O perfume vem do vale do lago – afirmou Pluma.
– É isso – disse Digory. – Olhe ali uma colina verde no finzinho do
lago. E repare como a água é azul.
– Só pode ser o lugar.
Pluma foi descendo em círculos largos. Os cumes gelados elevavam-
se cada vez mais altos. O ar ficou mais suave e morno, tão leve que trazia
lágrimas aos olhos. Pluma agora planava com as asas estendidas, sem
movimento, os cascos prontos para a aterrissagem. A colina verde
aproximava-se a grande velocidade. Pouco depois, aterrava na encosta,
com certa dificuldade. As crianças pularam fora, caindo sem se machucar
na relva gostosa e levantando-se ofegantes.
Não faltava muito para que chegassem ao topo da colina.
Começaram a escalada. Pluma equilibrava-se com o auxílio das asas,
esvoaçando um pouco aqui e ali. No alto da montanha havia um muro de
relva. No centro, cresciam árvores. As folhas não eram apenas verdes, mas
também azuis e prateadas quando o vento as agitava. Os viajantes
alcançaram o topo e foram seguindo o muro de relva; estavam quase
completando a volta quando encontraram os portões: altos portões de ouro,
fechados, virados para o oriente.
Até aquele momento, creio que Pluma e Polly esperavam poder
entrar lá dentro com Digory. Mas já não pensavam assim. Não poderia
haver outro lugar tão evidentemente privado quanto aquele. Logo se via
que pertencia a outra pessoa. A menos que tivesse alguma missão muito
especial, ninguém entraria ali, a não ser um tolo. Compreendendo que os
outros deveriam ficar do lado de fora, Digory avançou sozinho para os
portões.
Ao se aproximar, verificou que havia algo escrito ali, com letras de
prata sobre ouro. Os dizeres eram mais ou menos os seguintes:
Entre pelos portões de ouro ou não, Apanhe o meu fruto para outro
ou não. Aquele que roubar ou escalar os meus muros, Encontrará
desespero, junto com o desejo do seu coração.
“Apanhe o meu fruto para outro”, disse Digory para si mesmo. “É
isso que vou fazer. Significa que eu mesmo não posso comer o fruto, acho.
Só não sei o que significam as linhas de baixo. Entre pelos portões de ouro.
Ora, quem iria escalar um muro, podendo entrar pelo portão! Mas como se
abre o portão?” Colocou a mão na placa de ouro e instantaneamente o
portão se abriu, sem um ruído.