Page 86 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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UM ENCONTRO INESPERADO
– Acorde, Digory; acorde, Pluma – chamou a voz de Polly. – O puxa-puxa
virou árvore. E a manhã não podia ser mais linda.
O sol matinal jorrava sobre a floresta; a relva estava cinza de
orvalho; as teias de aranha pareciam de prata. Bem debaixo destas, estava
uma arvorezinha de madeira escura, do tamanho de uma macieira. As
folhas eram esbranquiçadas e pareciam artificiais; estava carregadinha de
frutas, que lembravam um pouquinho as tâmaras.
– Oba! – gritou Digory. – Mas vou dar um mergulho primeiro. – E
saiu a toda a velocidade, atravessando as moitas floridas, até a beira do rio.
Você já tomou banho em rio de montanha? Em rio que corre em cachoeiras
sobre pedras vermelhas, azuis, amarelas? E o sol em cima? É tão bom
quanto o mar; chega a ser quase melhor.
Digory teve de vestir-se novamente sem se enxugar, mas valeu a
pena. Quando ele voltou, Polly foi ao rio e tomou seu banho; pelo menos,
foi o que disse ter feito, mas, não tendo sido nunca boa nadadora, é
possível... Vamos deixar isso para lá. Pluma também visitou o rio: bebeu
água, sacudiu a crina e relinchou com vontade várias vezes.
Depois as crianças deram atenção à árvore de puxa-puxa. A fruta era
uma delícia. Não tinha exatamente o gosto de puxa-puxa; era mais ma cia,
com mais caldo, mas o sabor lembrava o de puxa-puxa.
Pluma também fez uma boa refeição matinal; provou um puxa-puxa
e gostou, mas (disse), àquela hora da manhã, capim era melhor. Com
alguma dificuldade, as crianças montaram e a jornada recomeçou.
Foi até melhor que no dia anterior. Em parte, porque todos se
sentiam muito bem, em parte
porque o sol nascente estava às suas costas, e tudo fica mais bonito
quando o sol está atrás da gente. Foi uma cavalgada maravilhosa. As
grandes montanhas brancas erguiam-se em todas as direções. Os vales eram
tão verdes, os riachos que tombavam das geleiras para os rios maiores eram
tão azuis... Parecia que sobrevoavam jóias gigantescas. Teriam preferido
que essa parte da aventura se prolongasse. Daí a pouco, entretanto, estavam
farejando o vento e perguntando “Que é isso?”, “Estão sentindo esse
cheiro?” “De onde está vindo?”. Pois um aroma celestial, cálido e dourado,