Page 83 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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procurássemos um bom lugar para passar a noite? Não é necessário atingir
                  o lugar esta noite.

                         – Certo – concordou Digory. – Além do mais, não está na hora do
                  jantar?

                         Pluma foi descendo, descendo. O ar tornava-se mais quente. Depois
                  de tantas horas sem ouvir nada, a não ser as batidas das asas de Pluma, era
                  agradável ouvir de novo os ruídos familiares e terrestres – o marulhar do
                  rio  no  leito  pedrento  e  o  ranger  das  árvores  ao  vento  suave.  Um  cheiro
                  cálido de terra cozida pelo sol e de relvados e flores chegou até eles. Pluma
                  afinal aterrissou. Digory ajudou Polly a desmontar. Era um prazer esticar as
                  pernas.

                         O vale onde haviam descido estava no âmago das montanhas; cumes
                  nevados, um deles de aspecto róseo pelo reflexo do sol poente, erguiam-se
                  à frente.
                         – Que fome! – exclamou Digory.

                         –  É  só  servir-se  –  falou  Pluma,  dando  uma  boa  dentada  na  relva.
                  Levantou a cabeça, ainda mastigando, e acrescentou: – Venham logo. Não
                  façam cerimônia. Dá e sobra para todos.

                         – Acontece uma coisa, Pluma: nós não comemos capim.

                         – Hum, hum – murmurou Pluma, falando de boca cheia. – Não sei
                  então o que vai ser. Excelente capim!

                         Digory e Polly olharam um para o outro, desanimados.
                         –  Francamente,  acho  que  alguém  devia  ter  providenciado  a  nossa
                  comida.

                         –  Tenho  certeza de que  Aslam  teria  feito  isso...  se vocês  tivessem
                  pedido.

                         – Ele não saberia sem que a gente pedisse?

                         – Claro – respondeu o cavalo. – Mas acho que gosta que peçam.
                         – Que vamos fazer?

                         – Só sei que não sei – respondeu Pluma, ainda de boca cheia. – A
                  não ser que vocês experimentem esta relvazinha. Talvez gostem mais do
                  que imaginam.

                         – Oh, não banque o bobo – falou Polly, batendo com o pé. – Gente
                  humana  não  pode  comer  relva,  assim  como  você  não  pode  comer
                  costeletas.

                         – Por favor, Polly, não fale em costeletas – disse Digory – ; a coisa
                  fica ainda pior.
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