Page 99 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Oh, meu querido, que linda!

                         – Quer comer a maçã agora, por favor?

                         – Será que o médico vai aprovar? – indagou ela. – Pensando bem,
                  acho que ele não vai se importar. O menino descascou a fruta e deu à mãe
                  em  pequenos  pedaços.  Antes  que  ela  terminasse,  sorriu,  mergulhou  a
                  cabeça  nos  travesseiros  e  adormeceu.  Um  sono  natural  e  bom,  sem
                  necessidade daquelas drogas medonhas, era (Digory o sabia) o que a mãe
                  mais queria no mundo.

                         Certo de que ela já se achava melhor, beijou-a no rosto de leve, saiu
                  do quarto com o coração aos pinotes, levando o miolo da maçã. Durante o
                  resto do dia, ao olhar para as coisas, todas tão comuns e sem magia, não
                  chegou  a  ter  grandes  esperanças.  Esta,  a  esperança,  só  veio  quando  se
                  lembrou dos olhos de Aslam.
                         À  tarde,  enterrou  o  miolo  da  maçã  no  quintal.  No  dia  seguinte,
                  quando  o  médico  chegou  para  a  visita  diária,  Digory  inclinou-se  no
                  balaústre da escada para ouvir. O doutor dizia para tia Leta:

                         –  Minha  senhora,  é  o  caso  mais  extraordinário  de  toda  a  minha
                  carreira. Parece até um milagre. Não diga nada ao menino por enquanto;
                  não é bom criar falsas esperanças. Mas, na minha opinião... – e a voz do
                  médico ficou muito baixa para ser ouvida.

                         Digory foi ao quintal e assobiou para Polly o sinal secreto (ela não
                  pudera aparecer no dia anterior).

                         – E a sua mãe? – perguntou logo a menina, de cima do muro.

                         –  Acho...  acho  que  vai  dar  tudo  certo.  Mas,  desculpe,  prefiro  não
                  tocar no assunto por enquanto. E os anéis?
                         –  Peguei  todos.  Olhe,  não  há  perigo,  estou  usando  luvas.  Vamos
                  enterrá-los.

                         – Vamos. Marquei o lugar onde enterrei ontem o miolo da maçã.

                         Polly  desceu  do  muro  e  foram  até  o  lugar.  A  marca  seria
                  desnecessária: já alguma coisa nascia da terra. Não tão rapidamente como
                  em Nárnia, é claro.

                         Arranjaram uma colher de pedreiro e enterraram os anéis, inclusive
                  os que usaram, num círculo em torno do broto.
                         Uma semana depois, sem dúvida nenhuma, a mãe de Digory achava-
                  se melhor. Mais duas semanas, já podia sentar-se no jardim. Um mês mais
                  tarde, toda a casa estava mudada. Tia Lera fez tudo o que a convalescente

                  pediu: janelas foram abertas, reposteiros foram recolhidos para aclarar os
                  quartos, havia flores por todos os cantos, coisas mais gostosas para comer,
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