Page 97 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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FIM DESTA HISTÓRIA E COMEÇO DE
TODAS AS OUTRAS
– Não precisam de anéis quando estou com vocês – falou a voz de Aslam.
As crianças piscaram e olharam em volta. Estavam novamente no
Bosque entre Dois Mundos. Tio André, estendido no chão, continuava a
dormir. Aslam, ao lado, dizia:
– Devem voltar agora, mas há duas coisas a que devem prestar
atenção: um aviso e uma ordem. Olhem.
Viram um pequeno vazio na relva.
– Quando aqui estiveram da última vez, esse vazio era um lago;
quando mergulharam nele, chegaram a um mundo onde um sol moribundo
iluminava as ruínas de Charn. Já não há lago. Aquele mundo acabou, como
se jamais tivesse existido. Que a raça de Adão e Eva receba esse aviso.
– Mas a gente é tão ruim como as pessoas de Charn? – indagou
Polly.
– Ainda não, Filha de Eva. Ainda não. Mas estão caminhando para
isso. Não é impossível que um homem perverso de sua raça descubra um
segredo tão pavoroso quanto o da Palavra Execrável, e use esse segredo
para destruir todas as coisas vivas. Breve, muito breve, antes que
envelheçam, grandes nações em seu mundo serão governadas por tiranos
parecidos com a imperatriz Jadis: indiferentes à alegria, à justiça e ao
perdão. Avisem seu mundo deste grande perigo. E a ordem é esta: logo que
puderem, tomem do tio os anéis mágicos e os enterrem, para que ninguém
volte a usá-los.
As crianças olhavam para a face do Leão enquanto ele pronunciava
essas palavras. De repente (nunca souberam como aconteceu), foi como se
a face de Aslam se tornasse um mar de ouro no qual flutuavam;
inexprimível força e ternura passavam por eles e por dentro deles; e
sentiram que jamais na vida haviam sido realmente felizes, bons ou sábios,
nem mesmo vivos e despertos, até aquele momento. A lembrança desse
instante permaneceu com eles para sempre; enquanto viveram, se alguma
vez se sentiam tristes, amedrontados ou irados, a lembrança daquela
bondade dourada retornava, dando-lhes a certeza de que tudo estava bem. E