Page 95 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Depois de esfriadas as coroas no rio, Aslam ordenou que Franco e
Helena se ajoelhassem diante dele. Colocou-lhes as coroas na cabeça e
disse:
– Levantem, rei e rainha de Nárnia, pai e mãe de numerosos reis de
Nárnia e das Ilhas e de Arquelândia.
Todos fizeram o que podiam: deram vivas, relincharam, ladraram,
bateram palmas com as asas... O casal permaneceu em pé com toda a
solenidade, demonstrando uma certa timidez que os fazia mais nobres. E
Digory, que continuava aplaudindo, ouviu a voz profunda de Aslam:
– Vejam!
Toda a multidão virou a cabeça e respirou fundo, jubilosamente.
Adiante viram uma árvore que não se encontrava ali um momento antes.
Devia ter crescido em silêncio, mas com a rapidez de uma bandeira que se
desfralda. De seus ramos parecia projetar-se luz e não sombra. Maçãs de
prata repontavam de todas as folhas, como estrelas. Mas era o perfume,
mais que a luz, que provocava suspiros. Tão intenso era que, por um
momento, ninguém conseguiu pensar em nada.
– Filho de Adão – falou Aslam –, você fez um bom trabalho. E
vocês, narnianos, cuidem, antes de tudo, desta árvore, que é o seu escudo.
A feiticeira de que lhes falei fugiu para o norte do mundo. Lá viverá e
ficará mais forte em magia negra. No entanto, enquanto esta árvore florir,
jamais voltará a Nárnia. Não ousará aproximar-se cem quilômetros da
árvore, pois seu perfume, que é alegria, vida e saúde para vocês, é morte,
horror e desespero para ela.
Todos contemplavam solenemente a árvore, quando Aslam se virou
subitamente para as crianças, lançando fulgores dourados da juba:
– O que foi, crianças? – Havia percebido que Polly e Digory
cochichavam.
Digory, vermelho como um pimentão, respondeu:
– Oh, Aslam, esqueci de contar. A feiticeira já comeu uma destas
maçãs, da mesma espécie. Polly contou o resto:
– Assim, Aslam – concluiu ela –, achamos que deve haver algum
engano, e que o perfume da árvore não vai fazer mal a ela.
– Por quê, Filha de Eva?
– Bem, ela comeu uma fruta.
– Filha, é por isso mesmo que agora a feiticeira tem pavor das outras
frutas. É o que acontece aos que colhem e comem frutos fora do tempo e
sem boa intenção.