Page 55 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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Desde a fundação, já passaram pela Florescer 322 pessoas; deste
grupo 78 saíram com autonomia plena.
Uma das frentes de trabalho para inserir o público na sociedade
se dá em cima da convivência em grupo. Alberto conta que nos
primeiros meses de existência do projeto existiam diversos confli-
tos, mas hoje a equipe trata com facilidade.
“Cada uma entra com uma vivência diferente. Há a questão do
etarismo; eu tenho meninas de 18 anos e atualmente a mais expe-
riente tem 56, é um choque de mentalidades e ainda existe a questão
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da passabilidade . Para dar conta, nós fazemos parcerias com empre-
sas, movimentos sociais, área da saúde etc., que promovem atividades
para pautar todos os assuntos de forma leve. A gente tenta mostrar
que apesar das diferenças, nós estamos no mesmo barco remando
para o mesmo objetivo. Algumas acabam descendo no meio do cami-
nho, preferem voltar para a rua, pois se sentem mais seguras com a
cultura que já está tão enraizada. Outras acreditam que voltar para o
companheiro na rua lhes garante uma segurança, mas geralmente elas
vivem uma situação tóxica e agressiva. Por mais que a gente tente dar
todo o suporte psicológico e emocional, às vezes nem tudo ‘floresce’”.
O centro de acolhida custa R$60 mil por mês para ao municí-
pio, o valor final repassado, segundo Alberto, não cobre atividades
extras, como eventos, atividades culturais, sociais e esportivas. Para
dar conta, a Florescer realiza uma forte articulação com empre-
sas privadas, recebe auxílio de entidades e da própria sociedade
civil, que enxergam no projeto uma possibilidade de crescimento
e mudança na realidade social atual.
Um dos indicativos que o plano tem dado certo, é que em
novembro de 2019, a prefeitura de São Paulo inaugurou a Casa
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