Page 50 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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De fato, a repressão policial começa a crescer no perímetro

           central, com foco nas regiões do Arouche e República. Coordenadas
           pelo Sargento Pires, diversas pequenas operações reavivaram um
           fantasma do centro da cidade.
           “Os relatos são das próprias vítimas. O Sargento Pires, conhe-
           cido como Bigode, e seus policiais abordavam travestis e homens
           transexuais. Em uma das abordagens, o sargento chegou a dizer
           que já que o garoto trans se identificava como homem, receberia o

           mesmo tratamento, apalpando sua vagina. Em outras ações, casais
           gays foram retirados da praça por estarem se beijando, a ideia era
           realmente limpar a praça e botar medo nos LGBTs”, relata Helcio.
             Em uma outra ação militar, em outubro de 2017, curiosa-
           mente seis dias após a audiência pública que tratou do projeto do
           Boulevard Francês, a Polícia Militar prendeu, de forma trucu-
           lenta, quinze travestis que se prostituíam na Praça da República.
           Um vídeo que circula em redes sociais mostra o momento em que
           as travestis são colocadas de forma violenta dentro de uma van

           militar, sendo duas delas algemadas. A notícia da prisão chegou
           rapidamente aos integrantes do Coletivo Arouchianos.
             “Nós estávamos em reunião no Arouche quando aconteceu. Uma
           das meninas entrou em contato com a gente e nós fomos até a delegacia
           em que elas estavam, junto com o advogado do Centro de Cidadania
           LGBTI, Marcelo Galego. No Boletim de Ocorrência constava que os
           polícias conduziram as meninas à delegacia, pois estavam se prosti-

           tuindo próximo a uma escola e resistiram à prisão. Mas se falamos de
           resistência é porque houve uma ordem legal e, se houve ordem legal, qual
           era o delito? Prostituição não é crime no Brasil”, diz Helcio Beuclair.
             O advogado do Centro de Cidadania LGBTI abriu uma queixa
           na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e Delitos


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