Page 52 - Na Teia - Mauro Victor V. de Brito
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delas. Então elas preferem resistir com garrafas, gilette, faca, gritando
pra outra, pedindo ajuda etc”.
A perseguição avançou durante o ano de 2018, um dos casos
registrados foi o da travesti Jéssica. Em outubro deste ano, Jéssica
foi morta a facadas, na esquina da Avenida São João com o Largo
do Arouche, pelo próprio companheiro, em uma discussão. As
câmeras de segurança não registraram o momento da agressão,
mas testemunhas disseram que um grupo de cinco agressores fugiu
junto com o assassino após o ato, aos gritos de “Bolsonaro presi-
dente”. O assassinato foi denunciado pelo Coletivo Arouchianos,
que prestou sua homenagem em uma manifestação no mesmo mês.
Os Arouchianos se tornaram referência na região e, ainda hoje,
existem grupos em redes sociais onde o Coletivo recebe denún-
cias de ataques na região contra essa população. A existência de
movimentos sociais como o Arouchianos, e tantos outros existen-
tes em São Paulo, se faz necessário para garantir o fortalecimento
de novas teias, agora ressignificadas e que funcionam como uma
rede articulada de apoio à população LGBT, em especial à traves-
tis e mulheres transexuais.
FLORESCER
A crescente presença de movimentos sociais organizados na capi-
tal paulista pressiona para que o governo reconheça a existência
das populações mais marginalizadas da sociedade e apresente
políticas públicas que proporcionem outra realidade. No caso
de travestis, mulheres e homens transexuais que vivem em São
Paulo, a primeira grande política nasce em 2008 e toma força em
2015, durante a gestão municipal de Fernando Haddad (PT). O
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